[ - MISSÃO - ] Ser jovem e apaixonado.

Estava destinado a completar sua primeira missão. Com pés rápidos e esperançosos se destinava à um restaurante local onde marcara o encontro com seu cliente; utilizara por intermédio de uma carta solicitando os materiais necessários para exercer o que precisaria visando a conquista da garota desconhecida e consequentemente a união do casal apaixonado. Seria uma façanha trabalhosa, de fato, e possuía poucas experiências românticas na totalidade de sua vida, ainda assim, se via apto a auxiliar na sedução da menina, e se falhasse, bem, o coração partido não seria o seu.


Não demorara para que encontrasse seu destino. As paredes compostas de pedras acinzentadas coberta por lodo e as portas e janelas de ébano ligeiramente deterioradas davam uma aparência de completo horror ao mercado que ali se dispunha. Sorriu constrangido ao imaginar-se confrontando seu cliente por ter marcado o encontro com sua amante naquele estabelecimento.

Adentrara sem pestanejar.

O lugar era surpreendentemente mais limpo por dentro, suas paredes bem espanadas, seu piso com poucos vestígios de sujeira, mesas e cadeiras se espalhavam por todo o aposento. Havia um grandioso balcão, sua madeira era de um castanho vivido.

Permitira uma segunda passada de olhos pelo cômodo. Observou os bêbados alegres, habitantes taciturnos e nítidos viajantes exóticos. Havia uma quantia quase escassa de fregueses, tal fato não passara despercebido pelo loiro, o menino não saberia dizer se tal coisa era devido ao horário ou ao exterior deteriorado do estabelecimento.

Dupont inalou o ar, sentindo o cheiro agridoce da comida. O som de fritura associado ao cheiro levou-o a crer que o cozinheiro em questão estava dourando cebola e alho. O estômago de Cameron se revirou por um instante, a fome aumentando a medida que o cheiro se tornava ainda mais forte, levando-o a crer que agora algumas ervas eram misturadas na receita.

Pelas frestas das janelas compostas de ébano os últimos raios de sol acobreados adentravam ao recinto. Sua tonalidade vivida e ligeiramente encantadora tomava posse de pequenos espaçamentos no chão e em poucas mesas vazias. O mago celestial desejou ter a capacidade de cavalgar junto a um potro nos campos esverdeados das florestas de Oshibana em meio a despedida do sol.

Próximo ao balcão um rapaz de beleza aristocrática e de fios ruivos, trazia consigo a cara espinhenta da adolescência e amontoados de cabelos distanciados longos espaçamentos entre si, julgara ser seu cliente. O dito garoto se apresentava sobre o balcão. Com poucas ações o dono de espíritos se aproximaria dele. – Charles Machint? – Questionou observando-o arquear as sobrancelhas. – Sim, sou eu. – Ele articulou. O loiro sorrira momentaneamente puxando em seguida a própria blusa que trajava para cima, visando que a marca embranquecida da Sabertooth a qual localizava-se na escapula direita de suas costas ficasse visível. – Sou o mago contratado, o que trocou cartas contigo. – Falou tornando a abaixar a veste.

Um silêncio tomaria ambos os indivíduos por alguns segundos. – Você trouxe o que lhe pedi? – Questionou o bruxo encarando. – Claro que sim, eu espero que funcione. – Proferiu o cliente. – Relaxe, minha margem de fracasso em missão é de zero. – Tranquilizou, não havia mentido, de fato, sua margem era de zero, afinal nunca tinha efetuado nenhum trabalho em sua guilda. Recebera uma sacola com os itens comprados.

E começaria seu serviço. Iniciou com uma quantidade exorbitante de gel sobre o cabelo do desconhecido, posicionando-o de maneira de que ficasse para trás em um topete ligeiramente alto, seguido a isto depositaria uma sequência de uma aromática e forte colônia. – Bem, você vai elogiar ela, dizer o quanto está bonita e dizer que preparou uma noite romântica hoje e entregara o buquê de rosas. – Instruiu, não sabia muito bem como prosseguir, mas era o que vira em peças de teatro quando estava no orfanato e assim julgou ser a vida real. – Ela provavelmente vai agradecer ou não entender muito bem, e então, você irá conversar naturalmente com ela, sei que são grandes amigos, então vão conseguir facilmente assunto. – Proferiu organizando uma gravata borboleta sobre a camisa social embranquecida de seu pagante. – O importante é que no final fale que quer namorar com ela, eu cuidarei para que o restaurante fique romântico. – Compartilhou abrindo um sorriso simpático.

Retirara da sacola os itens restantes. Repousa sobre uma das mesas do mercado uma toalha embranquecida, aconchegando-a na superfície e depositando sobre a mesma e exatamente em seu centro um vaso transparente que continha apenas um girassol. Em meio a uma das vigas composta de madeira e que se apresentava no teto, o integrante de guilda prenderia um globo espelhado. – Isso talvez dê conta. – Falaria por fim levando seu corpo para próximo a Jukebox do salão, selecionando uma música romântica. A noite já havia invadido o céu, e sendo assim, o encontro estava próximo de acontecer. – Boa sorte. – Gritaria para o cliente. – Obrigado. – Ele responderia. – Se tudo der certo eu te pagarei mais tarde quando você chegar. – Voltou a articular o ruivo.


Voltaria ao tardar da noite. Para sua surpresa o rapaz localizava-se sozinho, sobre sua pele marcas de batom avermelhado perfeitamente desenhados por lábios carnudos se localizavam e então julgou ter sido efetivo. – Você conseguiu? – Questionou antes mesmo de cumprimenta-lo. – Sim, muito obrigado. Eu a amo tanto, quero tê-la todo momento perto de mim, só precisava te pagar antes disso. – Deixou escapar uma risada em meio a seus devaneios românticos. Entregara por fim o dinheiro ao jovem contratado, este que o agradeceu e deixou a localidade com um sorriso na face ao saber que tivera completado com sucesso sua primeira missão.

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