[Mesa] Sophia City

- Hey cara, tu não pode fazer isso! Tá me ouvindo? A mão apoiada sobre o ombro rígido não continha os passos rápidos de uma figura encapuzada, avançando pela ala norte de Sophia City. O homem, cujo cenho irritado em sua face era contido por sua acompanhante, uma android de última geração cuja aparência era impecavelmente confeccionada para ser uma mulher sedutora de fios loiros encaracolados, olhos azuis, uma face considerada naqueles tempo “retrô”, salvo pelas marcas faciais de suas ligações mecânicas intencionalmente expostas. - Não se apresse, não tem motivos para isso meu amor.

O homem sentava-se, a voz doce de sua parceira, comprada por alguns milhões de univision. - Um Cockroach na alto da ala norte, isso não cheira bem, sabe meu bem. Muitos eram seus nomes, exilados, alheios, isolados, velharia, festim, mas o mais comum era cockroach. Tratá-los como baratas fazia sentido, eram completamente humanos, normalmente sem recursos financeiros e vivendo à margem do polo onde o restante da humanidade sobrevivia. Eram vistos com maus olhos, como o reflexo de um povo que destruiu parte do mundo por preciosismo à carne e a crenças que eles enxergavam como tolas, religião, raças, os brancos mataram os negros e os negros mataram os brancos, heteros e demais classificações, rótulos, que, aquela sociedade ainda impregnada deles, como todas as outras, acreditavam não nutrir.

- Se machucou? A mulher perguntava levando sutilmente seu dedo até o ombro do homem onde um líquido violeta umedecia o tecido sintético de suas vestimentas. - Quê? Seu auto questionamento assustado era respondido por uma voz em sua mente quase imediata. “Relatório de danos, danos inexistentes. Relatório de titularidade dos neurotransmissores, titularidade não encontrada no banco de dados.” A mulher colapsava um breve instante, olhando atônita enquanto seus olhos oscilavam em tonalidade. - Que merda é essa? Sophia? Intitulada com o nome da própria cidade na arrogância de seu proprietária, ela voltava á sua funcionalidade normal após algum tempo. - Perdão, acredito que me distraí um pouco.

Ele perdia-se entre o pensamento se era um defeito, ou, se distrair-se era parte de realismo. De todo modo reclamou para o local do qual comprou-a sobre o evento, e, foi a última coisa que ambos fizeram, pois foram encontrados logo mais mortos e com seus arquivos completamente corrompidos pela manhã em sua cobertura flutuante. Os danos eram severos seja em seu software ou hardware, tanto para o humano, quanto para a máquina que lhe era companhia.

Não levaria muito tempo para que a notícia do crime que não via-se à muitos anos percorresse toda Sophia City. A possibilidade da recuperação das memórias e reintegração haviam praticamente eliminado a chance do fim real de uma vida e este era um temor até então quase inexistente, até então. Como crianças que nunca tinham experimentado um ferimento vendo sangue pela primeira vez, o furor estabeleceu-se atrás de respostas, e, a pressão era presente sobre todas as autoridades naquele local por respostas, enquanto no submundo, aqueles que apreciavam o caos estavam curiosos sobre os métodos para apagar os dados de alguém da rede unificada.

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No lado norte, lugar onde os eventos ocorreram, a pressão era especialmente maior. Não só pois aquela era a região mais economicamente influente, mas, também pois o crime foi dentro do próprio território e com um "precursor", nome concedido àqueles que vivenciaram a guerra dos novos começos. Com um pouco mais de duzentos anos, desfrutando de sua fortuna acumulada nos anos que lhe restavam enquanto torcia que alguém descobrisse como prolongá-la ainda mais, não era nenhum pouco amado pelos demais, mas, certamente era bastante conhecido. O implante neural do homem responsável por parte da administração da cidade recebia mensagens infindáveis entre mercadores, outros políticos influentes e principalmente dos outros parlamentares responsáveis pelas demais alas.

Eram como abutres, observando a possível queda do que seria o maior pilar de Sophia City para possivelmente assumir a sua posição. O senhor pode conceder uma coletiva para responder à respeito... Dizia a mensagem de uma jornalista passando por seus olhos artificiais. O leste está sempre pronto para conceder auxílio as incapacidades do norte... Dizia quase de forma sarcástica o governador do local citado. Nós gostaríamos de conversar com você sobre uma forma de contemplar os interesses de ambos senhor governador... Mencionava um magnata de uma das empresas de robótica, provavelmente preocupada sobre um daqueles produtos não registrando dados do possível assassino. Talvez seja bom declarar estado de emergência... Um coronel também opinava no assunto.

Suas decisões, é claro, cabiam apenas à ele, e, ausentar a sua resposta para qualquer um deles poderia ser desaconselhável, principalmente considerando que suas campanhas eram parcialmente financiadas por alguns daqueles que lhe enviavam mensagens, além de ser bastante recente em seu posto após a desapropriação de outro que deixava as coisas ainda mais delicadas para o ex-advogado envolvido. Sua assessora também estava ali bem ao lado, trabalhando em sua mesa com dedos frenéticos que compunham uma melodia de escritório como se houvessem mais pessoas trabalhando por sua agilidade. - Deveria respondê-los logo senhor Mccree. Haverá um discurso do regente pela tarde que precisará comparecer, espero que não esteja distraído sobre isso.

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Longe dali, mais próximo à área sul da grande ilha artificial que facilmente compreenderia um pequeno país europeu antes da guerra dos novos começos, estava a líder daquele local. Não tão diferente dos governadores centrais, as notícias ali fervilhavam, apesar de em ares diferentes. Não havia a disputa por poder irrefreável, ao contrário, na base da pirâmide os olhos que lhe fitavam vinham mais do alto que de baixo de si. Não era segredo, todos suspeitavam deles e de seu envolvimento, quem mais cometeria um crime se não a escória da sociedade? Em diversos canais informativos da rede unificada discutia-se a possibilidade de intervenção nas embarcações de sobreviventes refugiados dos continentes. Alguns sugerindo rondas e buscas, os mais radicais propondo até mesmo a desindexação e expulsão dos mesmos de volta aos continentes devastados e radioativos, segundo estes, arcando com suas próprias responsabilidades.

Se o governador era abordado pelas empresas, ela era pela organização criminosa local em tons não tão amistosos e mais diretos. Cuida dessa barra aí, meus homens não tem nada a ver com isso e tão querendo empurrar pra cima da gente... Recebia ela o contato do líder desta. Temos algumas perguntas e gostaríamos de encontrá-la... Dizia um policial contatando-a. Não estamos conseguindo subir na ala sul para recolher o lixo e estamos ficando sem dinheiro e comida. Reclamava a líder de uma das embarcações onde cuidavam de crianças órfãs pelas condições ruins e as doenças provenientes da guerra que ainda afligiam aqueles que não estavam próximos o suficiente da isolação radiotópica de Sophia City. Você deveria comparecer ao comício do senhor regente, deve ser engraçado assistir a hipocrisia...  Em tom de piada o assessor da mulher que sequer tinha ido ao trabalho lhe mandava uma mensagem.

Um toque rápido soava na porta, e, quando atendida uma mulher de fios cinzentos sintéticos e olhos vermelhos adentrava sua sala sem tanto respeito. Não era tão evidente por seu aspecto, mas, ela era uma android completa, uma dos velhos tempos que naqueles dias eram consideradas como lixos. Elas não eram integradas ao sistema unificado e eram feitas de forma a parecer o mais humanas possível, fugindo do padrão estético arraigado naquela cultura e assim sendo tão vista como "baratas" como as próprias pessoas sem modificações. - Vim pegar os documentos. Estes, sendo as identidades dela e de alguns outros androids que ainda não possuíam "nomes". Ao contrário do que espera-se, considerando que eles ainda eram comercializados, eles possuíam direitos tal qual humanos e proteção legal, apesar de serem aplicadas de forma consideravelmente diferente em alguns pontos. Na verdade, os de Sophia City, como a própria mulher que foi assassinada, muitas vezes tinham muito mais valor civil na sociedade que os residentes do território governado pela líder presente.

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Não muito distante do gabinete do governador, em sua sala no quartel de polícia local, onde diversas pequenas máquinas semelhantes a drones flutuavam e poucas pessoas estavam, a tentente operava com alguns dados no seu dispositivo físico e em seu virtual. As mensagens acumulavam-se uma a uma, denúncias pipocavam uma atrás da outra, a maioria infundada e causada por histeria. O que era até então um trabalho consideravelmente tranquilo, tornava-se estressante repentinamente, apesar de talvez não o ser pelo fato desta ser uma android. Uma nomeada, Coralina, com tecnologia básica de ponta e espaços para upgrades, direitos, e, propriedade estatal por sua função, assim não sendo vinculada à nenhum indivíduo particular.

Havia muita pressão inicial dentre as mensagens para que investigassem as empresas de comercialização robótica. A Cy deve ter algo a ver com isso... A Resources deve estar sabotando as menores... Além disso, ainda não havia um parecer do governador sobre o assunto e o general ainda não havia se mobilizado sobre o assunto local, por outro lado havia a menção sobre uma investigação na periferia. Você está disponível para uma interrogação com a líder da periferia Tenente? Aparecia em sua mente a mensagem vinda do seu líder. Se uma parte estava lhe procurando, a outra também estava, a mesma Resources enviava uma mensagem direta para a mulher, oferecendo-lhe um encontro amigavelmente como se quisesse preservar a sua imagem. Estaríamos feliz em conceder auxílio para a justiça, se tiver interesse em conversar conosco que teremos prazer em recebê-la ausente a necessidade de um mandato.

Era uma situação estranha que a jovem encontrava-se, não tendo visto uma investigação deste porte em nenhum outro momento da sua vida. Havia outro ponto particular bem estranho, pelo horário do evento quando o assassinato ocorreu, ou, próximo à isto pela incerteza, ela teve uma alternância de dados bem rápida, um "lapso" de memória ou uma sensação estranha. Se tentasse fazer conferência, apareceria em sua mente apenas. "Erros de funcionamento: Não encontrados. Dano de dados: Não encontrados. Dispositivos invasores: Não encontrados". Deixando-a ainda mais incerta sobre e fazendo-a talvez apenas relevar. - O que acha da gente relaxar um pouco antes da ronda tenente? Um homem falava alto mais ao longe, com um ar um tanto irreverente se comparado ao da mulher, convidando-a para ir, indiretamente, à um bar de seu apreço.

Tinha algumas horas para se prepararem, e, talvez responder as mensagens que lhe fossem mais importantes antes de de fazerem a tal "ronda", que em verdade tratava-se da segurança do local onde o Regente discursaria. A forma como seu colega tratava não refletia a real seriedade do evento, principalmente com toda a comoção e incerteza que acometia as pessoas do local. Se algo saísse de errado ali poderia ser um marco bastante complicado para a grande cidade estado.

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Mais ao oeste do norte, na zona industrial, fazendo divisa com a região de igual localização geográfica, havia um reboliço um pouco diferente dos demais. Com a falta de dados e um possível erro na rede, assim como um crime contra uma android, a pressão por informações e explicações era grande no geral. A CY, empresa responsável pela criação principal daquela android conhecida pelo mesmo nome do distrito naturalmente era aquela cujas investigações eram mais pesadas. Nasod não escapava, entretanto, principalmente pois parte das peças utilizadas na construção dela e da sua rede ótica foram fornecidas em uma parceria de negócios e criação.

Um pequeno droid em formato semelhante à um drone e uma voz estranhamente irritante aproximava-se do líder da empresa enquanto este esta recluso em sua sala. Não seguia um formato humanoid, mas, certamente possuía as mesmas capacidades de processamento dos modelos mais atuais presentes em Sophia City. - O senhor deveria conferir os contatos dos demais CEO senhor Zenny. Ela alertava não por acaso, pois, haviam realmente muitas coisas para serem respondidas e um alarde quase histérico presente para todos os envolvidos. Precisamos de um relatório das peças que você enviou, o receptor ótico não tem registros das imagens... Chegava uma solicitação da CY. Zenny, o senhor deveria atentar-se talvez contatar um advogado ou apoio da Resources, a CY vai querer jogar a culpa em você. Um funcionário mais próximo desde a época de seus pais alertava preocupado sobre a situação. O senhor poderia nos conceder uma entrevista? Ficar calado agora apenas irá jogar a culpa em vocês... Uma jornalista encaminhava um texto que quase soava uma ameaça.

Em especial, duas mensagens eram ressaltadas pela pequena máquina. - Deveria dar uma atenção especial à estes, talvez, senhor. Um feixe de luz era emitido com o vislumbre de duas das mensagens que haviam chegado para ele. Tenho certeza que não é sua culpa, se eu tivesse um acesso maior as informações eu poderia ajudá-lo. Deve achar muito suspeito que isso tenha acontecido logo após o mandato do governador atual... O governador do Oeste insinuava coisas sem dizê-las diretamente, fazendo-se de interessado no restante do corpo pela segurança das pessoas, apesar de possivelmente isto não ser toda a verdade. O que acha de vender a sua empresa para nós e incluí-la às nossas filiais? Assim poderíamos lhe ajudar a lidar com este grande problema. Temos interesse em expandir nossos negócios, e, você, em ter poder para não sofrer pressão da CY. Quem lhe enviava isto era a Resources, buscando uma negociação estranha em um momento bem peculiar.

Haviam ainda alguns textos secretos que eram guardados em uma sub-pasta de forma criptografada que apenas os administradores de empresas robóticas conseguiam para poderem estudar e sobrescrever códigos. Eram duas bem peculiares que, colidiam na rota do que era vida e morte, e, criavam ideias estranhas na mente do garoto. Uma era da própria Resources. Se tiver interessado podemos também produzir um novo corpo para o seu pai. Os dados neurais dele estão devidamente preservados diferente deste último caso, na rede. Pense nisso, você só tem à ganhar. Era fato que a "morte verdadeira" já não acontecia à muito tempo, mas, ainda assim era delicado reviver alguém que provavelmente seria morto de novo e de novo, mas, ainda que ciente disso aquela oferta era feita deixando algumas perguntas no ar. Além disso, ele notaria uma mensagem que vinha de uma fonte desconhecida e suspeita. Você tem valor, teria ainda mais sem o implante neural. Por mais que tentasse codificar, não encontraria de onde viria.

Tinha decisões a seguir, mensagens para responder, ou não, e, um evento que ele sabia que ia acontecer onde o regente estaria presente e possivelmente todas figuras importantes também.

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A mulher de olhos rígidos sequer respondia os gracejos iniciais de seu chefe, erguendo a mão diante si de onde um painel de luz formava-se a partir de seu aparelho ótico, ela deslizava os dedos, colhendo e expandindo-os enquanto estes rotacionavam na direção do homem em meio ao ar. Algum momento de silêncio antecedia as palavras que ela realmente queria ouvir. - Claro senhor Mccree, quanto melhor para forçar menos o meu aparelho de purificação de ar com este seu... Bem, vamos com isto. Se não fosse pela sua competência talvez a incompatibilidade poderia tê-lo feito demiti-la a muito tempo, mas, ele sabia o quão eficiente ela era em seu trabalho e como ela conseguia colocar figuras importantes em seu lugar quando necessário, até mesmo ele.

Ela olha com a sobrancelha arqueada para a forma que ele repassa a primeira informação, balançando o seu rosto negativamente enquanto dedilhava o painel luminoso reformulando seu áudio cuidadosamente, deixando-o mais rebuscado e convincente. Ela sabia o quanto a imprensa poderia ser problemática, ficando algo mais "Prezados, estamos investigando minuciosamente na busca mais de mais detalhes e posteriormente retornaremos para deixá-los inteirados". Era impressionante como continuava sendo a sua voz, dizendo palavras que ele em si não havia dito, mas, ele ainda poderia manter a original, já que ela enviava para ele as duas formas. A do governador, ela apenas sorria de canto e dava de ombros enviando daquele jeito mesmo.

De repente, "riquinho, digo" desaparecia, novamente, sendo opção dele manter ou não. Esta era respondida imediatamente, "Hoje a noite, depois do discurso do regente, se for possível para o senhor, no Dallas Ocean." Também não haviam adaptações no discurso feito ao coronel, assim, mantendo as coisas em panos quentes por hora. Isto evitaria a balburdia, mas, também manteria o trânsito livre de pessoas, e, potencialmente do assassino enquanto não fosse resolvido. - Eu já avisei, não se preocupe. Por sinal, seria bom pegarmos o tal café... E, bem, vai ser por sua conta, certo? Alguns croissants e folhados seriam bons também. Ela sorri enquanto apoia a mão na parte de trás da moto. - Pense com cuidado, assédio e uma funcionária ferida nesse momento de crise... Nossa, que escândalo...

Não demorariam mesmo que passassem em algum drive thru pelo caminho, deixando a motocicleta para subir através de um elevador que flutuava em meio ao ar levando-os a cobertura flutuante onde tudo aconteceu.  Logo na entrada eram recebidos por uma mulher de estatura média à frente de um robô de combate, sem consciência, que, era consideravelmente mais alto não somente que a mulher mas que o próprio governador. Ela tinha diversos aprimoramentos pelo corpo, principalmente um braço completamente robótico e um olho branco que era fragmentado em diversas partes. - Sargento Mar'del se apresentando. Deixe-me guiá-lo pelo local. Ela caminhava enquanto a máquina abria espaço, levando-o mais para dentro.

Ali, o que ele encontrava eram dois corpos estirados, seus olhos pareciam precisamente cortados, assim como suas cabeças cujo alinhamento parecia fazê-los parecer de manteiga de tão liso. Não estavam muito distantes do corpo, e também não haviam outros ferimentos ou sinal de batalha no ambiente. A mesa de centro estava quebrada, mas, foi pelo pesa da mulher sintética caindo sobre ele após ser abatida possivelmente. Havia uma pichação em neon na parede que brilhava sutilmente, visto que o ambiente estava relativamente iluminado. Ali, em um tom púrpura, estava as marcações: "Vocês não conseguem ver,". - É... Tudo o que temos por hora senhor.

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Não haviam respostas sobre o que ela havia respondido, mas, talvez isso fosse um bom sinal? Nem tão silenciosos eram os policiais que lhe contatavam, logo confirmando para ela em retorno à sua resposta. "Certo, uma unidade estará aí pela manhã. Inspetor Four e inspetora Ka'li acompanharam a reunião com a senhora." Tão imediato quanto era a resposta da mulher que liderava um pequeno grupo de catadores. "Certo madame, vamos confiar em você". É claro, havia certa "confiança" de fato, mas, também certa cobrança. Era fato que haviam poucos meios de se manterem financeiramente ali, e, para aqueles que queriam se manter honestos aquela era uma das poucas formas mais "constantes", além de outros trabalhos de base de pirâmide.

De todas, aquela que certamente não teria resposta era a sua cobrança por comparecer ao seu assistente. Tudo que conseguia era o som da mesa caindo e o quicar de metal de uma engrenagem que estava ali encima. - Deveria arrumar esse lugar... A mulher balbucia após o convite para entrar, mas, sem comentar muito. Ela olhava, silenciosamente enquanto não se movia, nem afastava-se e nem aproximava-se como ela convidava. - É Kinra... Ela dizia olhando um tanto acuada. - Hey Kinra, tá demorando por quê? Outra entrava pela sala sorrindo de forma espalhafatosa. Esta segunda era de um modelo bem mais novo, apesar de ainda ultrapassada e da era sem nomes. Ela girava uma lata nas mãos e carregava uma grande arma nas costas. - A madame não se incomoda neh? Bem, a propósito eu sou Police! Sua piada fazia sentido com sua aparência que era como o uniforme destes, seja por uma piada ou por talvez ter sido a sua função em algum momento.

Uma ia bisbilhotando a sala, a outra ia ficando no canto esperando. O colo vazio da governante certamente estaria ocupado se o convite fosse para a segunda pela forma que esta se comportava, mas, no lugar disso tudo que ela conseguia ouvir era um pequeno diálogo entre elas. - A bunduda tá cuidando das coisas. Dizia a "Police" para a outra. - Olha a forma como você fala, e, não crie problemas para nós, se comporte. Além disso, ela podia observar alguns dados das garotas nos papeis caso desejasse, mas, em geral o que veriam era coisas como números de série, tempo de fabricação e manutenção, que as duas receberam dentro do último ano em torno de sete e nove meses, e algo que certamente não batia com o que via. "Aprimoramentos bélicos: nenhum. Softwares militares: nenhum." Contrariava o que via, não só pela arma, mas, por um display que se abria momentaneamente no braço dela logo fechando-se novamente.

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A máquina não respondia sua pergunta diretamente, pois, em sua consideração lógica apenas o prosseguimento de suas ações já respondia. As mensagens decorriam-se e o garoto respondia de forma defensiva como um bom administrador, era mais fácil tirar o corpo fora afinal. Claro, pois por que não marcá-la para depois do discurso do regente no Dallas Ocean, não haverá problemas assim, certo? O agendamento pro mesmo dia mostrava que eles possivelmente já estavam preparados para a contra proposta, e, de certa forma pressionavam para que tudo fosse o mais breve e ele tivesse pouco tempo para se preparar.

Iris chegava a sala removendo uma longa luva de seus braços robóticos, balançando seus dedos para iniciar o seu trabalho quando notava o garoto tendo problemas com a imprensa. Era natural que ele a procurasse, então ela aguardou. - Claro, eu conheço... Algumas pessoas que frequentam certos lugares, vou procurar remarcá-los para mais longe e reforçar com essas pessoas para que eles nos consigam esse tempo de forma ociosa. Ela começa a digitar em um teclado de forma bastante ágil, o suficiente para superar e muito o que se obteria em ritmo da fala em si já colocando em prática as suas solicitações.

"Entendo, mas o senhor sempre sabe onde nos procurar quando você precisar". "Quando", e, não se, quase como se eles tivessem certeza ou fosse algum tipo de ameaça. Além disso, também chegava uma segunda mensagem do governador. "É sábio afiliar-se as pessoas corretas." Firme, porém, o quanto sua posição firme realmente o protegeria neste momento uma tanto fora de controle? Sua irritação era perceptível, mas a mulher apenas prosseguia seu trabalho silenciosamente. Ele em si já detinha bastante o semblante de alguém, não por acaso, amargurado, além disso isso também não dizia respeito à ela até que o mesmo optasse por procurá-la.

"Não enviada, erro de busca do contato". Era a mensagem que aparecia em seu dispositivo, além de sequer o rascunho ter sido salvo, instantaneamente deletado. Ele pensava em quem poderia ajudá-lo, de certa forma descartando a possibilidade de mostrar à sua assistente ali para procurar por Theodore, o governador local e conhecido do CEO da NASOD. - Claro, entrarei em contato. Vou ressaltar a urgência. Ela respondia educadamente, olhando de canto e voltando ao serviço. O assistente flutuante também não o seguia para fora, ficando assim apenas ele. Do lado de fora, o que ele via era uma via mais vazia que o comum, sendo ali um centro residencial. Ainda era dia, então, na maioria eram trabalhadores indo e vindo de seus ofícios. Poderia ir direto para casa, ou, tomar outras medidas completamente diferentes ao seu bel prazer.