[ Entrada] - Espero que não tenho uma rainha má.

As coisas em minha casa estavam mudando drasticamente, meu pai fora preso e agora eu estava completamente sozinha, não sabia de onde vinha o dinheiro que meu pai tinha para manter a casa, ele nunca me falou. Minha mãe eu não conhecia, talvez ainda estivesse viva, ou não, mas a essa altura eu não sabia onde procura-la, não tinha para onde ir e nem ninguém que eu pudesse contar. A cidade de Balsam estava movimentada como de costume e em minhas mãos eu trazia apenas 3 livros de histórias infantis, na minha cintura estava uma adaga embainhada, a única herança que meu pai deixara antes de ser preso, e em minha mente, alguns pensamentos passavam encarando aos livros, cujas capas eram rosa, azul e marrom.

– Queria uma fada madrinha, para realizar os meus desejos. – Disse enquanto seguia de cabeça baixa pelo centro de Balsam, apenas para não ter que encarar aquela casa vazia. – Ou viver no mar, ser uma sereia seria tão divertido, tão livre ou talvez ter uma fada madrinha que realizasse meus desejos. Ou até mesmo falar com pássaros, eu me sentiria tão menos sozinha! – Continuei em voz baixa. – Mas a verdade é que eu preciso de um emprego, não tenho experiência, sou menor de idade... Acho que meus dias de maga acabaram...

Meu desejo estava ao ar, muitos diriam que é coincidência, mas não era o meu caso, na verdade, eu tinha certeza que não era o meu caso. Primeiro, um pássaro cantou, quase como se falasse algum para mim, isso me fez olhar para a direção do som. Em seguida, Vejo um grande logo “Mermaid Heel”, se não me falhava a memória, isso significava que eram sereias, no entando, ainda faltava uma fada madrinha que realizasse meu desejo:

– Eu quero ser uma sereia! – Falei ao vento, antes de adentrar a porta da guilda. Haviam boatos de que guildas eram magos que ganhavam dinheiro com isso, então era o lugar ideal para que eu começasse uma nova vida. Dentro da guilda, meio tímida, esperei para que alguém me recepcionasse, talvez a Mestre, ou alguém que me ajudasse a virar uma membra oficial.
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Um vento úmido, frio, soprava aquela manhã balançando os cabelos da jovem, sussurrando aos seus ouvidos, talvez, guiando-a até ali. Como uma misteriosa porta que abria-se diante a garota, a mesma caminhava seguindo seu chamado até a guilda, entretanto, não parecia que a mesma entraria ou buscaria respostas ali sem que algo acontecesse ou alguém a chamasse. Ao longe, uma mulher de pelo morena e estatura média, com formas musculares bem definidas e cabelos curtos a observava. Não por menos, a garota estava encarando o lugar que a mulher chamava de lar.

Seu nome era Iris, uma maga de espirito forte. Caminhava até a jovem calmamente, não parecia ser uma inimiga, estava mais para uma garotinha assustada e não havia razões claras para uma abordagem ostensiva. Bem próxima, a mesma erguia suas mãos e daria um tapa nas costas da jovem, não para machucá-la mas forte o suficiente para assustá-la e demonstra um pouco da força física da mesma.

- Então, o que faz aqui encarando meu lar!?

Uma voz grave porém doce, enquanto a mulher sorria um pouco desconfiada, como se quisesse coagir a jovem a explicar-se ou deixar o local, sua mão permanecia as costas da mesma mantendo o mesmo clima que em geral a mesma transparecia.

Um toque um pouco mais forte do que o normal foi só o necessário para que os livros quase escorregassem de minhas mãos, segurando-os um pouco mais forte, ouvi a moça perguntar sobre estar encarando o lar da mesma, meu rosto ficou um pouco vermelho, mas logo minha personalidade um pouco mais autoritária assumiu o controle por um instante.

– Eu preciso saber quem está no comando. – Mas assim que as palavras saíram em um tom mais forte, me retrai. – Desculpa, eu gostaria de saber se vocês estão aceitando outros magos – Me corrigi. – A propósito, meu nome é Tohka. – Me apresentei, percebendo que eu deveria ter começado com esta frase.

O vento frio desceu pelas minhas costas, me arrepiando. Ajeitei então meus braços de modo que eu pudesse segurar os livros e esconder minha mão, que já estava gelada, em minhas roupas enquanto esperava uma resposta da garota.
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A expressão da mulher nublava-se por um instante sem deixar de lado o sorriso, que agora parecia mais psicótico que simpático, entretanto, retornava a sua tranquilidade conforme a garota corrigia a primeira abordagem pretensiosa. O que não impedia a mão as costas da garota de apertar agora um pouco mais forte que antes, o suficiente para incomodar por um instante antes de a mesma soltar e por a mão em sua própria cintura.

- Bem e porque deveríamos deixar uma pirralha entrar?

Não tão voraz quanto antes, continuava um pouco irritada pela petulância da garota. Por outro lado, escondia uma certa empolgação em poder estar levando uma nova membro para a guilda, apenas desejava aferir se a mesma era digna de tal. Por sua força ou por seus ideias, Iris não era do tipo que gostava de macular sua casa com quem não possua nenhuma destas forças em seu âmago.

A pergunta de garota que não se apresentara, era um pouco desafiadora para mim, pois o verdadeiro motivo era que a minha fada madrinha, que ainda não aparecera, iria realizar meu desejo, não sabia se eu poderia oferecer algo a guilda, ao menos não ainda, apenas sabia que eu tinha que arriscar algo e talvez, essa fosse a única chance que eu teria para nadar em meio as sereias. Coloquei os meus livros e minhas mãos para trás, me inclinei um pouco em direção a mulher e a examinei, voltei a minha posição inicial, dei um grande sorriso, com meus olhos semicerrados e disse:

– Por que “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos” – Citei um amado livro, não sabia se ela iria conhecer, mas minha resposta estava dada, os dados estavam na mesa, e tudo que eu precisava era que minha fada madrinha, em algum lugar escutasse meu desejo e, de alguma forma, derretesse o coração da estranha moça de olhos bonitos.
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Mais uma vez uma certa ação irritava a mulher, era analisada de cima a baixa, sentia-se quando demais olhavam para si por a mesma ser mais masculina que a maioria. Tinha algo errado ser daquela forma? Seria essa a forma que a garota a tratava? Não sabia, ainda assim, não lhe trazia contentamento. A garota falava algumas coisas que a coisas e a mulher nada entendia, fechava um semblante um pouco impaciente e parecia que iniciaria algumas palavras.

- Vo...

Apenas parecia, o balbuciar de algo incompleto era interrompido por outra mulher loira que aproximava-se sorrindo, parecia simpática, talvez, até de mais e trajava roupas finas e um cabelo longo bem diferente da anterior. Iris parecia um pouco desconfortável com sua presença apesar de tudo, enquanto a mesma parecia deferir o mesmo olhar que antes a jovem usava para Iris, analisando-a de cima abaixo.

- Antoine de Saint-Exupéry... quem é você com quem Iris perde tempo?

- Uma nova membro, digo...

Iris interrompia por um instante, mas logo depois ficava calada de novo. Parecia que de alguma forma a respeitava mesmo que Iris fosse quem parecia mais perigosa.

- Se é uma candidata, sabe usar magia certo? Pode me mostrar?

Dizia a loira afastando-se para averiguar as habilidades da jovem. Iris chegava bem perto da jovem aproximando-se do seu ouvido para sussurrar algo antes de juntar-se a mulher, cujo nome era Fiolett.

Sussuro: - É, a rainha má apareceu...


cons.: pode usar versões simplistas de sua magia se ainda não possuir nenhuma avaliada

Uma loira de cabelos compridos surgiu no local, demonstrando ser um pouco mais hospitalar, no entanto a maga de cabelo curto parecia estar um pouco mais repreendida pela presença da segunda, no entanto, a excitação veio ao ouvir a mulher citar o autor de O Pequeno Príncipe. A mulher não demorou a perguntar sobre minha magia, que de fato existia, porém ainda estava em estágio de desenvolvimento.

– Bem, eu tenho, mas ainda estou a aprimorando... – Disse um pouco sem jeito. A moça de cabelo curto, sussurra algo em meu ouvido: “É, a rainha má apareceu. ” Essas palavras fizeram com que um arrepio subisse pela minha espinha. “Se é uma vilã, então eu tenho que ser uma princesa...” Interrompi meu pensamento. “Branca de Neve! Ela sempre deu um jeito! ” Abri um sorriso ao concluir o pensamento.

– Um minuto. – Disse me afastando. Utilizei meu braço direito para segurar os livros, e, abrindo minha mão esquerda de maneira que todos pudessem ver, criei um círculo magico, fazendo várias folhas acinzentadas saírem de lá. “Não é hora de falhar! ” Meu semblante rosto parecia um pouco mais preocupado, sentia minha magia se desregular e, os papéis que estavam quase se transformando em uma flecha, caíram para dentro do círculo novamente, deixando apena uma pequena ponta malfeita de metal.

– Não foi o que eu esperava, mas com a ajuda da guilda eu posso melhorar, eu acredito! – Abracei novamente os livros com medo e a espera do que eles falariam.

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- Só isso, sério? A mulher olhava descrente para as duas, aparente perdendo o interesse. - Não adote toda menina perdida que vê por aí Iris, preciso mesmo relembrar...

A mulher daria as costa girando seu vestido rodado e caminhando de volta para dentro da guilda, seu humor parecia negro e um pouco diferente do julgamento que fora formado. Iris parecia relaxar conforme afastava-se Fiolet, apoiando novamente uma mão sobre o ombro da jovem e respirando aliviada.

- Ela gostou de você, acredite... Então, bem, você é mesmo uma maga. Vamos entrando, se a Fiolet gostou de você, está apta para o serviço. Digamos os termos aonde o selo fica disposto.

Tomando a dianteira, caminhava em direção a entrada, suas mãos para trás e uma certa empolgação da mesma. Talvez fosse tsundere ou só inconstante, sua pele morena contrastava contra o sol e suas palavras que soavam para a garota era a esperança de novos tempos, afinal, os poucos passos para a entrada não simbolizavam apenas uma caminhada qualquer, mas sua entrada para uma nova família. Mermaid Heal.

“Menina Perdida... ela está citando Peter Pan...? Não, duvido muito. ” Pensei comigo mesma, ainda confusa sobre o que exatamente tinha acontecido. Ela deu as costas e saiu caminhando até uma porta. A moça musculosa, íris, parecia um pouco mais relaxada, seria a outra moça tão ruim assim? Bem não vinha ao caso agora, mesmo confusa, as palavras dela me tranquilizaram.

– Isso significa que você gosta de mim também? – Sorri e fiz uma voz diferente ao falar, brincando com a moça e esperando que ela entendesse. – Quanto a marca, bem... – Pensei, me lembrando da descrição de uma cena em Robin Hood. – “Onde o sol não consegue proteger, entre seu instrumento de trabalho e sua vida, sangrava com marca de sua própria flecha. ” – Citei, e logo continuei. – Aqui – Segurei os livros com a mão direita e com a mão esquerda repousei sobre a área desejada, na parte abaixo das axilas.

Um novo assoviar de um pássaro me fez olhar acima da entrada, enquanto caminhávamos para dentro, acima da guilda um pequeno pardal estava pousado e parecia olhar para mim, não sabia se era imaginação ou algo do tipo, mas o pequeno pássaro pareceu me dar uma piscadela. O pássaro então, levantou voo e seguiu em direção ao sol, me deixando de presente um grande e doce sorriso.
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Garota estranha, era o que Iris pensava do local escolhido, mas, só cabia a mesma decidir e ali disporia a marca quando aproximassem-se do balcão de onde retiraria o selo. Iris sorria enquanto o fazia de forma acolhedora e ao final dava um tapinha "da boa sorte" no local.

- Bem vinda sereia... Lembre, esse é seu lar e devo o proteger como tal. Mesmo sendo todas tão diferentes, e ainda por isso, nos completamos, nos unimos e mostramos nossa força ao mundo. Espero muito de você, assim que como desejo que o espere de mim, de nós... e se você não render a rainha má vai se zangar um pouquinho comigo, então leve isso em consideração também.



Aprovada na guild