[MIssões] Allihanna

A maga não estava satisfeita com aquele trabalho inicial, aceitou aquela missão somente para ser inserida no mundo de missões sem grandes dificuldades. Afinal, era de baixo que se começava. Com o cartaz preso nas mãos, deixou a base da guilda se dirigindo ao centro da cidade. Desde que havia entrado para a Mermaid, ela nunca havia visitado Balsam. A vila era exatamente da forma como ela imaginava, poucos comércios por ser pequena e grandes concentrações de florestas. Ela tinha escolhido o lugar certo.
 
O papel dizia exatamente o endereço correto e a quem deveria procurar. Allihanna sabia como funciona um SPA, mesmo nunca tendo pisado em um. Com a sua família, a higiene e cuidados com o corpo sempre havia sido feito na própria residência. Chegou em frente a uma enorme porta de madeira e bateu delicadamente. Não era horário de abertura. Observou quando alguém abriu a cortina mais próxima e meteu o rosto na janela. Esperou um pouco mais até que as trancas começaram a serem abertas e uma garota surgiu. No primeiro instante ela apenas observou a maga de cima abaixo, medindo mentalmente a capacidade que a mesma teria de desempenhar as funções.
 
— Bom dia! – Cumprimentou Allihanna quebrando o gelo do primeiro contato. — Sou membro da Mermaid Heel e estou aqui porque pediram um funcionário. – Ficou em silêncio.
 
— Finalmente, pensei que a líder da sua guilda não mandaria ninguém. Os banheiros estão sujos, as saunas nem prefiro comentar. Alguém deixou uma roupa suja na entrada da piscina e que fedor que ali está. Vamos, entre, entre! – A garota apoiou as mãos nas costas de Allihanna e a forçou a entrar. — Meu nome é Lucy, serei a sua chefe. Siga até o corredor direito e encontrará um quarto de produtos. Lá pegue tudo o que irá precisar e troque de roupa se quiser. – E dito isso sumiu. A maga apenas ouviu uma voz ao longe dizendo mais algumas palavras. — E me encontre no banheiro.
 
Como pedido, Allihanna se dirigiu ao cômodo. No trajeto observou quadros de enfeites e algumas esculturas que nem de perto eram bonitas. No quarto, viu alguns baldes, vassouras, panos e produtos de limpeza. Pegou uma luva higiênica e como uma empregada obediente se dirigiu até aonde ouviu a voz de Lucy pela última vez. Não precisou se aproximar muito para começar a sentir o odor desagradável. Assim que abriu a porta, quase caiu dura para trás. Lucy estava ali dentro com uma fisionomia azeda.
 
— Alguém participou do evento na cidade e logo em seguida veio usar esse banheiro. A comida não pareceu lhe fazer muito bem. – Ela estava sendo modesta em dizer aquilo. Borrões marrons se encontravam em toda a parede, como se alguém quisesse desenhar com alguma coisa que só deveria descer pela privada. O chão também estava marcado de pegadas da mesma cor. Isso, sem contar a privada que não parecia mais haver espaço para uma agulha. — A torneira fica ali, pode usá-la. Ah, a menos que seja uma maga estilo água.
 
Allihanna passou para a torneira e colocou o balde para encher, enquanto isso não poupou sabão para jogar no chão. Em seguida começou a jogar a água e esfregar com a vassoura. O ponto principal era a privada e as paredes. Como somente uma pessoa teria estômago para fazer aquilo? Era nojento! De vez em quando ela enfiava a cabeça pela porta para respirar ar puro, mas mesmo assim o cheiro parecia grudado na sua narina. Ensaboou todo o chão, paredes e privada e logo depois foi jogando a água para retirar o produto. Quando terminou de limpar, percebeu que os azulejos eram salmão. 
 
Estava exausta somente daquilo, mas quando pensou em descansar, Lucy vinha em sua direção. Ela observou o banheiro e balançou a cabeça em aprovação.
 
— Muito bem! Vamos para a sauna. – Disse sorrindo.
 
Allihanna seguiu a gerente por um novo corredor, chegando a uma porta de vidro. Quando a mesma abriu, ela se arrependeu de pensar que o banheiro era o cômodo mais sujo. O lugar cheirava a nádegas sujas. Daquelas que ficavam semanas sem sentir uma água. No chão tinha pêlos espalhados e levando em consideração que era a sauna masculina, ela nem quis saber de que parte do corpo era. 
 
Começou deixando a porta aberta, parecia que iria desmaiar. Encontrou a torneira e voltou a abri-la, dessa vez deixando a água jorrar para o chão. Se aproximou dos bancos de madeira e quase vomitou tudo o que tinha comido no café da manhã. Além de pêlos, tinha resíduos muito curiosos. Jogou sabão em tudo, esfregando com a vassoura e expulsado aquele mau cheiro. Quando terminou de lavar e forçar cabelos insistentes a descer pelo ralo, percebeu que Lucy a observava na porta.
 
— Ótimo! – Ela sorriu novamente. — Hora do almoço.
 
E quem disse que Allihanna queria comer? As imagens das coisas que limpou estavam gravadas na sua memória. Por mais que estivesse trago uma banana e duas maças, ela sabia que voltaria tudo muito antes de descer. Ficou observando Lucy almoçar, ela parecia acostumada com aquele ambiente imundo.
 
Na parte da tarde foi levada para a piscina, o cômodo mais limpo. Precisou apenas retirar uma cueca branca com “marrom” e jogar dentro uma sacola plástica. Em seguida jogou desinfetante por todo o lugar, mudando drasticamente o cheiro. Lucy disse precisar de uma limpeza nos pisos dos corredores. Allihanna então usou a água no balde e um pano, esfregando o chão e perfumando ao mesmo tempo.
 
Foi liberada no cair da noite e estava destruída. Seu corpo inteiro estava dolorido. Algumas pessoas passavam por ela e tampava os narizes, ela não estava cheirando muito bem. Nem pensou em entrar na base, partiu diretamente para o seu banheiro privativo no dormitório e ficou mergulhada em águas quentes por longos minutos. Jogou tudo o que tinha na água e mesmo assim nada foi suficiente para apagar as lembranças e o cheiro do “futum” poderoso do SPA.  

Adendos:

Observações:

      

Arlequina