[TREINO] A órfã

Sentada em um banco de praça sozinha, recordo-me quase naturalmente dos dias em que conheci Raven, como uma saudade inexplicável e também uma certa sensação ruim pela derrota. Se eu fosse mais forte, talvez, eu a tivesse protegido melhor. Eu conheço magia apesar de não usá-la muito, talvez seja a hora de assumir isso, assumir-me maga. Além disso, ser a órfã que venceu na vida parece divertido.

Ainda ali ergo minhas mãos emanando uma certa luz, minha magia, Fairy Magic, como um pó de pirlipipim e enxergar assim até ajuda a controlá-la, como uma pequena esfera concentro-me em manter sua forma acima das suas palmas de minhas mãos. O brilho forte quase explosivo, iluminando meu rosto e espírito. Pergunto-me se Raven teria orgulho, se me ver evoluir lhe faria sentir bem ou se no fim, apenas aumentaria para gente os desconfortos de nossas não humanidades.

Solto uma das mãos ainda controlando aquele pequeno foco de luz centrada, refletido nos meus olhos e guiado apenas com minha mão esquerda ao redor de mim, quase como uma dança artística. Olho para um pedra no gramado dali, para um lado e para outro, ninguém se importaria. Recuo, observo meu alvo e lanço a esfera que deforma-se como uma espécie de agulha acertando a pedra empalando-a, em seguida, explodindo a pedra em vários pedacinhos.

Após lançar sentia-me um pouco ofegante, minha mana era de fato tênue e ainda tinha dificuldades com magia, mas, se fosse para conseguir permanecer ao lado de Raven eu evoluiria como a maga que ela era. Fazia uma segunda esfera com a mão direita, respirando concentrada, uma nova pedra ainda menor era meu alvo para praticar o controle, em um movimento de mão era lançado, resvalando e destruindo parte. Não era muito, mas, para uma leiga como eu era um treino e tanto.

Aos sons dos cantos dos pássaros e das solidões que habitam em mim neste momento, com pequenos brilhos iridescentes de minha magia sobre minhas mãos, novamente busco o aprimoramento, a força que ainda não possuo para que possa de fato chamar-me de maga quando junto de minha amada entrar para a Mermaid Heal. Em um parque isolado, com grandes árvores em um baile astral, as folhas balançando com o vento eram perfeitos alvos para os pequenos feixes com os quais treinaria.

Disparos sutis de pouca mana de energia pura, brilhante para que com a prática pudesse de fato transformar aquilo em alguma magia, a priori pelo baixo teor fixo dos feixes o vento levava desfazendo a forma, ou em outros casos, com o movimento das estruturas esverdeadas que tinha como objetivo as errava ou acertava uma incoerente com meu foco, nem tudo era fácil desde o princípio como tinha de ser.

Concentrava-me, pensava nos riscos que Raven correria se não a conseguisse proteger, se dadas as situações de ambas nós duas todas eventualidades que poderiam suceder-se e eu não tenho o necessário para lidar. A cada novo intento, aproximava-se mais, aumentaria mais a minha precisão e exatidão até um ponto em que de fato começava a acertar as folhas que eram de meu desejo, não era forte o bastante ainda e um longo caminho eu teria para percorrer, entretanto, aproximar-me tinha uma certa empolgação.

Três disparos em sequência e minha exaustão mágica por minha baixa mana me afetava, o ar escapa entre meus pulmões em uma respiração ofegante, mãos trêmulas, batimentos rápidos mas mente orgulhosa. Vendo as folhas perfuradas perguntava-me se Raven orgulharia-se de mim percebendo que tornava-me mais forte, não importava muito. No fim, meu foco resguardava-se mais no âmbito de protegê-la mesmo que não houvesse recompensa, a maior delas era seu sorriso ao fim do dia.

@Asuka Kudou senpai-san s2

Nunca foi do tipo que pratica, foca em evoluir-se sem limites e ansiar alçar vôos mais altos que minhas própria pernas, sentada sobre uma pedra concentrada, limpando minha mente de qualquer distração em pose de lótus, eu certamente nunca tinha visto a mim mesma daquela forma, apenas centrada, sentindo o vento suave e úmido, frio, naquele bosco banhado pelo oxigênio das árvores e de um rio não muito distante, o som das folhas dançando soar como uma bela canção clima em meus ouvidos.

Roupas leves, alvas, assim como também meu espírito permanece enquanto sinto cada gota do meu fluxo de mana tão simplório, singelo e fraco através de meu corpo, ritmando-o pelo som e fazendo-o dançar conforme as mesmas folhas. Visualizar em uma forma como esta, como a de simples folhas na árvore que sou eu de fato me ajuda a não perder as linhas da tecelagem de meu próprio ser, como um fia controlado da tecelã Neith redirecionando e sacramentando as tênues correntes de minha mana para que quantidade seja suprida pela qualidade de forma.

Em êxodo do fantástico, a aliteração do que ser fantasia trago os mesmo fios tecidos por meu consciente exercitando meu controle até a parte entre as limitações de minha pele e os músculo que sobrepõe o metal de meus ossos, como uma tatuagem de origens tribais retratada entre linhas e marcações gráficas desalinhadas propositalmente, linhas iridescentes que refletem as cores vibrantes de minha própria magia exortando a minha força frágil que desenvolve-se a cada nova manhã que fico longe de minha amada, para que jamais tenha que afastar-me.

Uma nova era me era iniciada, agora de fato e graças a Raven eu era uma maga, presente a guilda das sereias, Mermaid Heals, tinhas muitas companheiras e era como uma alusão fantástica do orfanato. Um amontoado de pessoas que não são família, porém, ali ao fim de tudo, também o eram. Seria o primeiro lugar que poderia chamar de lar?

Fato era que agora era uma maga, tinha mais pessoas e ainda Raven a quem não queria que nenhum mal fosse feito de maneira alguma, precisa de mais força, dominar mais minha magia e a mim mesma. Desta vez escolheria pedras como alvos, por sua maior resistência a ataques pelo tipo de execução que seria praticada.

Com o pó de fada emanado atingia uma delas, seu porte era médio, não muito grande e nem pequena para que fosse considerada uma brita, nesse momento a ignição era ativa para explodir-la, assumindo o caráter explosivo que possui e detonando a pedra, porém, apenas parte dela pela falta de potência.

Respiro me concentrando, em busca de mais, afinal, aquilo era longe do bastante e eu precisava de ainda mais poder mágico se quisesse ser a referência que Raven precisava. Um novo disparo com o pó de fada era ensaiado, meus olhos fixos em outra pedra e então lançava naquela direção o pó de fada, bem próximo a estrutura rochosa detonando.

Podia ver os estilhaços quase como em uma fumaça que aos poucos decaía, revelando no fim das tentativas o êxito que reforçava o sucesso e avanço que estava tendo, aos poucos, tornando-me de fato mais poderosa com minha magia. Um sorriso natural me escapava.

Pó de fada explosivo, pensar a minha magia era de fato algo estranho, sentada sobre a encosta de uma montanha onde o horizonte se estendia a minha vista, meditando com a brisa úmida balançando os fios de meus cabelos ruivos, meus olhos verdes permanecem fixos no horizonte, mas, minha visão se propaga para dentro de mim em busca de novas respostas enquanto estico meu braço na direção do limbo existencial presente.

Entender minha magia e como a consegui mostra-se crucial para que então possa prosseguir ainda mais, afinal, até a pouco tempo não considerava sequer uma maga. Observo o mecanismo a meu braço, cuja natureza mágica tanto assemelha-se a minha magia em si, a princípio acreditava que talvez o mecanismo teria me conferido a magia, mas, depois pude perceber que na verdade ele foi preparado para responder a magia que já existia em mim.

Os socos explosivos que eu conseguia dar quando perdia o controle e involuntariamente ativara a estrutura, agora mais controlada por mim, eu deveria aceitar ou não este dom concedido por covardes? Seria confirmar que eles estavam correto? Que no fim, eu era mais forte porque eles fizeram aquilo comigo? Deslizo minhas mãos sobre os demais mecanismos sentindo sua textura, em lugares mais inesperados, estes ainda não teriam sido ativados por mim e sequer conhecia suas finalidades, menos instintivos e em lugares de mais difícil controle, assumida era minha curiosidade para com o que eles era capazes de fazer.

Levanta-me, olhando aindo o fronte, sentindo a mana inundar meus braços híbridos entre carne e máquina, aceitando uma parte de seu poder, dominando-a, para que caso viesse a ser uma necessidade seu uso, eu conseguisse fazer isto de fato. Um soco no vibrava emanando a explosão do pó de fada para frente, podia sentir o impacto e quão poderoso era se comparado a um soco normal meu, a outra mão ia a frente e novamente senti aquele peso de impacto. Um sorriso triste vinha a face conforme a prática se decorre, realmente eu me torno mais poderosa quando o uso dos dons forçados em mim. Alguns socos e o cansaço me bate, o gasto de mana mostra-se considerável para seu uso apesar de tudo e dou-me por satisfeita retornando a meus pensamentos.

Treinar tornando-se hábito para mim, de fato surpreendia-me com minha desenvoltura, e, aos poucos podia me considerar uma maga com um poder de fato, explosivo. O trocadilho com as propriedades de meu pó mágico cabia de fato, uma maga de puro dano mágico estabelecia-se dentro de minha estratégia atual cada vez mais, meus socos no ar que eram dados e os estrondos causados, uma fada nem sempre é feita de gentilezas, no meu caso então, talvez quase nunca fosse.

Meu alvo desta vez era o tronco de uma árvore, aceitando por fim as utilidades que meu mecanismo podiam me prover, ali concentrava a mana, enriquecendo o poderio de minha magia na estrutura e golpeando com grande potência o local, sem tocar de fato com os punhos o alvo de meus socos. Isto não seria por acaso, afinal, meus golpes não focam-se nas capacidades destrutivas físicas como o de costume, mas sim pela energia mágica que propagava-se a frente quando eu o fazia.

As explosões focadas da fairy magic em harmonia com o sistema que substitui meu antigo antebraço normal, causam fendas na estrutura maciça de vegetal espessa, golpe após golpe, silencioso em meus lábios, barulhento em meus punhos. Meus fios ruivos balançando com a agitação que decorria-se enquanto eu executava aquela prática e minha respiração começa a demonstrar o meu cansaço, ponto fraco que ainda partilho e posteriormente precisarei corrigir, meu condicionamento que fora enfraquecido pela minha falta prévia de foco até aqueles dias.

Isto seria corrigido aos poucos, mas, não era o foco final daquele treino, hoje o foco é apenas aprimorar ainda mais minha capacidade de ameaçar a vida de meus adversários, no caso, aqueles que ameaçam a vida de minha amada e eu a protegerei mesmo que custe o sangue daqueles que atentem contra sua vida.

Era algo estranho aproximar-me dos primeiros locais de treino, as folhas a copa daquela árvore, algumas delas ainda com os rasgos de minhas magias quase imaturas, sem força alguma. O tempo fizera-me bem, despertara-me para novos vôos e um novo sentido de força, meus punhos cerrados no mesmo local despertava-me para um novo treino, mas, meu objetivo não era mais as folhas, eu queria a árvore, sentir a evolução explosiva que tinha crescido em mim. Fecho meus olhos desatando o mecanismo e o ativando, sinto o fluxo de magic power correndo em meus dois braços e uma sede de poder que poucas vezes antes havia sentido, um passo acompanhava outro, uma breve corrida em avanço até o tronco daquela árvore.

Não era grosso de mais e nem fino de mais, destruí-lo não seria de todo impossível, mas também não era fácil a uma maga iniciante como eu e algum tempo atrás, sequer seria possível cogitar fazê-lo com os punhos. Seja por meu não uso ou por minha fraca força para tal. Um passo antes, minha mão esquerda lançada na direção do tronco até alguns centímetros desta, sem um toque real canalizando a explosão da fairy magic na direção da forma sólida como uma grande explosão que causava um grande estrondo. Um pouco de meu ar me escapava e na árvore via grandes rachaduras, mas, ainda não era o suficiente para destruí-la.

Com o outro punho, em um movimento que envolvia um filme em minha mente, desde as cirurgias forçadas até os dias de fraqueza no orfanato, até o momento em que minha vida começou a andar, quando conheci aquela que mudou minha história, Raven, a centímetros minha mão direita pararia canalizando a magia em uma explosão, apenas os dois golpes seria usados e apenas estes seriam necessários, no segundo punho a árvore se dividia ao meio caindo lateralmente causando grande barulho, não me culpava, a velha árvore já estava em suas últimas e por isto sempre a usava para prática, agora por fim daria-lhe um marco adequado e não uma degradação biológica por pragas progressiva.

Retornaria a uma base de batalha vitoriosa e ofegante, não por cansaço, mas por euforia e empolgação pelo avanço, uma pergunta se passava em minha mente naquele instante. Quão forte estaria Raven aquele ponto? Será que eu já teria a alcançado? Acredito que não. Ainda assim, mesmo sendo mais fraca, com o que eu posso irei protegê-la, assim como ela protege meu âmago de mim mesma me envolvendo de amor e me dano inspiração para me levantar e prosseguir, me aceitar como eu sou.

Mais uma vez caminharia até o monte devastado por meus punhos, observando e vendo meu avanço e almejando lugares ainda mais altos para meus poderes. Meus punhos fechados erguidos ao alto, um sorriso brilhante e logo me prepararia para começar mais um dos meus treinos para aprimorar minha força com a magia.

Meus olhos já não estavam no chão, almejavam o céu brilhante, tinha um objetivo claro em minha mente pela primeira vez, fazer daquele lugar um lar para mim e para Raven. Mermaid Heel, era prepotência demais desejar o topo da guilda? Tornar-me líder da casa das magas, brilhantes e independentes, tomada por luz mesmo em meio às trevas.

Nas minhas mãos iniciava a prática, focar minha magia, concentrando em um pequeno ponto luminoso de pó da fairy magic, concentrada, no máximo que eu posso manter de atenção para não descontrolar e não expandir, a busca de um controle absoluto para criar uma magia pequena e altamente destrutiva. Um poder refinado podia me levar mais ao topo que magias exageradas, era isso que eu almejava naquela prática.

Respirando profundamente, em único ato jogaria para o alto minha magia, como um pequeno brilhos intensa e incandescente, uma estrela ascendente detonando no meio do céu como fogos de artifício, se vistos de longe, subindo um rastro de luz qualquer e eclodindo. Da minha proximidade, um grande detonação brilhante vista no ar causada por um pequeno e singelo foco de magia, altamente concentrada entre minhas mãos. Havia funcionado e nos meus olhos os brilhos do êxito e do reflexo encontravam-se.

- Raven....

Novamente faria o treino de meu poderio mágico, recorrente e constante em busca de um completo controle e refinar o uso de minha magia, junto a meu mecanismo, para obliterar a defesa de meus inimigos sem chances de respostas, afinal, se eu queria a liderança precisava de força.

Um toque em meu peito e sentia mais partes eletrônicas que não conhecia, ignorando por hora e focando apenas naquele que já uso em meus punhos meditando de forma serena e concentrada. Envio magic power ao mecanismo acionando-o mas não para uso e sim para obter seu controle, olhos fechados, foco total, sentindo cada nuance da estrutura conforme doso a quantidade de poder aplicada.

A perfeição leva tempo e a prática conduz essa dança eterna da evolução, deslizando gradativamente meus punhos no ar concentrada, procurando sempre me manter tranquila e sentindo cada detalhe e traço do mecanismo se mover conforme aplico magic power no local, assumo minhas postura de batalha padrão, desferindo um soco de potência média no ar, controlando outro para uma potência mais relevante cortando o ar, um toque sutil armadilha inspirada em minha Luta com mirian quase sem magic power nenhum e logo prosseguia para um mais potente causando grande estrondo a explosão.

Ofegante, tanto corpo quanto mente cansadas pelo controle físico e mágico da força mágica e aplicada e funcionamento do mecanismo, começo uma torrente de golpes ágeis e sequenciais para o término do treino, experimentando as mesmas alternâncias mas não de forma lenta, rápida e dinâmica golpe por golpe, mesclando ou não o ímpeto físico do golpe com o ímpeto mágico do mesmo até que a exaustão me levava a solo. Estaria terminado aquele dia.

Treinar vinha tornando-se hábito, ao mesmo tempo, sentia a falta de minha amada percebendo-a cada vez mais distante de mim. Sempre ao monte devastado por minhas magias, praticando vez após vez, sem cessar, a busca ao poder para proteger as sereias neste mundo de fadas, para impedir que alguém faça mal aquelas que me acolheram, e a acolheram, como uma família para nós.

Mãos erguidas, guiando as formas de minha magia de forma precisa, como esboços de coisas que queria que estivesse comigo, primeiro o vislumbre que me corria era o de Raven, em seguida fazia assim com minha magia, com o pó mágico dando as formas belas e refinadas de minha donzela amargurando sua falta. Não sabia onde de fato ela estaria, mas, já não a via a algum tempo e todo tempo em sua ausência me feria um pouco.

Um megafone surgia em sequência, como se desejasse gritar para ela ouvir que eu a estava perdendo e não queria isto, uma flecha que a pudesse alcançar era desenhada quando a única que tinha o alcance do toque era ela mesma, que estava distanciando-se.

Ergo minha mão, contemplando uma magia maior com uma forma que não me era estranha, a garota de cabelos negros e facetas orientais que já vira algumas vezes, o desejo de uma amiga que me desse colo para que eu pudesse chorar a ausência do que me era mais importante. Eu já sentia que a perdi, algo me despertava isso.

Por fim, com todo o pó construía um míssel, enviando-o ao ar com olhos úmidos, deixando que fosse, e que explodisse, levando consigo o poder de varrer de mim todas essas sensações negativas que insistem em me atormentar, contemplando a força de superar e acreditar que dias melhores virão.

A solidão tem caráter estranho, pode te derrubar, matar seus sonhos ou trazer a tona a margem para novas descobertas e vôos. Com meus punhos alçados a frente, sentindo o toque do vento e novamente buscando refino de meu controle mágico. Um sorriso melancólico me escapa enquanto meus fios de cabelos acobreados balançam com o vento.

Um objetivo apenas, treinar mais me controle e a brisa úmida daquela manhã tinha certa compatibilidade com meu humor que estaria tão vazio e passageiro quanto aquilo. Concentro-me, para reações mais rápidas e espontâneas onde o meu controle mágico se sobressai, sinto o vento e seu toque no meus braço, suas correntes mais fortes e então, conduzo o magic power alinhado com a fluidez das correntes aéreas.

Cada toque mais chamativo, onde sinto por cima da pele sintética do local, acompanho em linhas do magic power formadas sobre o local, como um brilho incandescente, característico a essência de minha magia mas não com o pó em si. Apenas linhas de ativação sintética inconclusivas que por fim não ativam o mecanismo, apenas o trazem à tona e sua essência retornando a minhas correntes etéreas.

O controle repentino é a ênfase da prática, sempre focada, sempre procurando fazer o mais natural possível, menos gastos, mais controle e precisão, mais dano. Aumentar o tamanho de uma técnica nem sempre é o melhor caminho, por vezes o simples supera o complexo quando bem executado, assim o fazia para aquele treino, sorrindo ao final, ainda triste, porém satisfeita com o resultado de meus treinos.

Um soco na frente, como de costume, apenas para finalizar o que já havia começado em uma espécie de rotina estava pronta para partir.

O som da voz de minha recém feita amiga de cabelos negros invadia o recinto, onde a devastação de meus treinos já era bem aparente e chamava atenção pela árvore já em colorações alaranjadas caída ao centro após eu tê-la derrubado, aliviando-lhe da dor da morte lenta que estava tendo devido a falta de nutrientes ali em cima aquela pedra, apesar de eu não saber ao certo que esta seria a razão para tal.

- Uau, parece que você treina bastante aqui...

Dava pra sentir que ela percebia que eu não estava legal, ainda assim, não focava nisso e apenas aproveitava sua companhia para me gabar e treinar mais um pouco, quem sabe, convencer a talentosa maga a juntar-se a nós na guilda feminina, um dia ainda teria o feito de vê-la como aliada ao meu lado, talvez, como uma parceira próxima. Não era um sonho tão impossível.

- Me ajuda a centrar meus pensamentos e objetivos e me levar mais perto deles.


Logo começaria, sempre abusando de meu mecanismo, espalhando o magic power e buscando um controle mais refinado e preciso de si, com socos explosivos de grande dano e repercussão sonora pelo recinto. O mesmo fazia ela, sem o som, somente os socos no ar focando seu estilo também mais físico de lutar e cativando um pouco meus olhares, sem distrair-me. Certo brados acompanhavam os ímpetos, não somente a uma de nós, as duas, treinando cada uma sua própria natureza sentindo a presença, uma, da outra.

Me confortava, logo usava o máximo de minha força criando um grande clarão, como um marco de finalização de minha prática frente ao vazio do precipício, a luz de meu pó mágica incandescente e explosivo direcionado frente a mim.

- Vamos descer e tomar um sorvete.

Um lugar diferente de treino me seria escolhido, as margens de um rio e brisa úmida tocando meus cabelos o deixando o mesmo estado, respirando mais relaxada e deixando aquele local repleto de memórias perturbadoras, uma lua brilhando a minha face com sua luz prateada e gosto molhado que me faziam relaxar um pouco, sentada sobre uma pedra qualquer dentre as mais confortáveis e amplas do recinto em pose de lótus, meditando e ao mesmo tempo treinando meu controle sobre minha magic power a sentindo dentro de mim, tornando-se cada mais uma com meu ser e meu controle sobre si.

- ...

Há palavras que habitam no silêncio, todo avanço que viera até ali corria por minha mente, os dias em claro de treino e também as noites até um momento que em que me sobressaio a maioria em vez de ser apenas uma fracassada dentro do âmbito como maga, tornando-me, de certa forma uma força a ser respeitada a cada vez que me sinto mais longe de minha querida, que já não tem mais seus olhos nos meus a algum tempo, mas, como me tornei tão dependente? Onde habita minha força? Seria minha fraqueza emocional que a teria afastado de mim?

Precisava me libertar, talvez não dos sentimentos, talvez não da minha relação, mas, da minha dependência por ela que me feria, e, talvez a feria também, assim como evoluía minha força mágica e minha física simultâneas. Alçando voos com minhas próprias asas, espalhando meu pé mágico por meu corpo em forma meditativa, flutuante suavemente do cão a uma pequena altura quase como em uso de i swear, mas apenas como um treino qualquer, sentindo a mim e ao meio mágico que reinam em fiore.

Aquele rio de corrente serena parecia um bom segundo local de treino, um que eu não pretendia destruir, em oposta ao que ocorrera no alto do monte em que antes praticava, refinando mais e mais meu controle para evitar dano desnecessário a algo, ou, alguém que eu desse valor. De que vale uma heroína que fere seus protegidos? De que vale uma líder que expõe suas seguidoras ao risco de sua própria presença? Poder era imprescindível, mas poder comedido, uma força pensada e calculada, precisa na mesma proporção que potente era o que eu precisava.

Novamente sentiria o fechar de meus olhos de forma calma, o mecanismo de meus braços e seus deslizes entre si, como cada parte conecta-se uma com a outra e compreendendo, ao menos, o básico de seu funcionamento que tive certo tempo de dedicação de uso do mesmo e cada uma das suas formas. Uma grande magic power imprimida na área em questão traz o foco de sobrepor suas capacidade até o ponto em que um resfriamento seja forçado, concentrada e empenhada nisso.

A primeira parte seria um sucesso sem tantos trabalhos, era a parte simples do meu intento, vendo sua aparência engatada e um pouco aquecida, por outro lado, sentindo algo que não seria bem dor, algo que tende mais para uma estranha sensação de que uma parte de você formiga e não consegue ativá-la, busco concentrar-me enviando meu pó de fada através deste e com suas movimentações, ainda ao interior do mecanismo movendo os devidos locais, reestruturando os locais de funcionalidade que normalmente se fazem sozinhos.

A precisão dos movimentos era algo de necessidade absurda, cada detalhe e toque, apesar de usar pouca magic power tinha o peso da concentração consigo além da necessidade de entender e interpretar cada parte do mecanismo e seu funcionamento, logo obtendo êxito em fazê-lo, cessando a sensação de formigamento e retornando a possibilidade de seu uso.

Mais uma vez o destino me traz coisas estranhas, afinal, entre vindas e idas de meu amor, amizades novas que eu não esperava ter, uma estranha rival que demonstrava seu poder e também o quanto a própria eu estava diferente desde os dias de orfanato. A maga de agora já não é mais a garotinha de antes, cujos sonhos limitavam-se as coisas que me cercavam, agora meus vôos alçam lugares e objetivos maiores que os que tinha antes.

Meus punhos deslizando e alinhando mecanismo enquanto foco minha magic power para continuar aprimorando meu uso a este respeito, faço o mesmo com a esmeralda em meu peito a suposta “lacrima” que acende em minha a magia guardada em si, enchendo meu corpo com suas chamas e potencializando meu corpo e o uso do outro mecanismo em si, como uma peça de mostruário feita com um propósito único de matar, não aceito por mim.

De fato aquele era um desfecho que eu negava, meu poder seria usado para proteger as que precisavam, aquelas de minha guilda e com elas ascender a glória de nossa força. Meus olhos fechados e meu foco pleno, nada poderia me impedir de perseguir a tais anseios, sequer minha própria fraqueza e vulnerabilidade a ausência dela quando a mesma não estava ali comigo para que eu me sentisse forte.

- Eu sou mais que apenas isso…

As experiências recentes com a garota de cabelos negros, a dama de papel, a senhorita celestial, a cantora ruiva talentosa, a maga envolta em flores e todos os demais assim como o domínio quase perfeito de meu pó aquela prática seriam toda evidência que eu precisava naquele momento de minha força e desejo de ascensão.