[TREINO] Apanhando do Léo - Treino de Resistência mágica

Luna acordou cedo naquela manhã decidida. A bolsinha de couro, sempre entrelaçada em seu dorso, era apertada com força pela mão direita, enquanto ela caminhava para a área de treino. Desde a invocação meio estranha no dia de sua admissão na guilda, Luna nunca mais vira Léo. Ele, com certeza, devia achar que ela era uma doida ou, pelo menos, uma menina boba e inexperiente por tratá-lo daquela forma. Nada comparada a Lucy...

Por sorte, o local estava vazio. Talvez fosse o horário ou os outros membros deviam estar ocupados em outras coisas. Ela via que muitos saiam em missões todos os dias. Logo, seria sua vez. A mão um pouco trêmula pegou a chave dourada que reluzia com os primeiros raios da manhã. Todos os seus planos dependiam daquela chave, mas não era só por isso o seu nervosismo. Aquele não era só o Léo. Era seu bisavô. A aprovação dele era importante. Ela fechou os olhos, respirou fundo algumas vezes e segurou a chave para cima como se fosse abrir uma fechadura. De certa forma, iria. - Abra! Portão do leão! Léo!

Um clarão de luz desceu do céu e o espírito celestial do signo de Leão estava parado bem a sua frente. Ele a encarava com olhos frios, provavelmente, se perguntando o que aquela menina boba estava querendo com ele agora. - Sei que pensa que sou fraca e inútil e eu sou mesmo. Me ajude. - Ela sentiu o rosto corar e abaixou os olhos. Odiava se sentir vulnerável e boba daquela forma, mas era o único jeito. Sinceridade era a sua arma naquele momento. - Eu posso te ajudar, mas não será fácil. - A voz fria dele fez o corpo de Luna estremecer, mas ela se esforçou para se manter firme ou então as coisas ficariam ainda piores. - Ninguém nunca me disse que seria fácil. - Levantou os olhos e encarou Léo com a maior firmeza que conseguiu encontrar dentro de si, recebendo um aceno de cabeça em resposta. Isso poderia ser bom. E, logo, ele lhe deu as costas e começou a caminhar para o outro lado do campo. Ou talvez não.

Ela mal virou os olhos para o lado para observar novamente se estavam sozinhos, quando sua visão panorâmica captou um clarão vindo em sua direção. Em um segundo, Luna se viu jogada no chão com o corpo todo dolorido. Ela encarou Léo com uma expressão confusa, enquanto se levantava com mais dificuldade do que gostaria de admitir. - Primeira lição: nunca baixe a guarda! - Ele gritou do outro lado do campo. E, sim, ele tinha razão. Essa lição, ela já devia ter aprendido há muito tempo. - Mais uma vez. Tente desviar, pelo menos. Seja rápida. - Luna assentiu, sentindo as bochechas corarem novamente. Sempre se saíra muito bem nas tarefas que seu avô passava, não seria agora que ficaria ali sendo derrubada como uma jaca podre.

Outra rajada de energia saiu da mão de Léo, e ela conseguiu correr para o lado e se jogar. Caiu novamente no chão, mas, dessa vez, não foi atingida pela energia, o que a fez sentir menos dor. Olhou para Léo em busca de sua aprovação, mas este só a encarava, provavelmente, esperando que ela levantasse. E foi o que ela fez. Outra rajada de energia, outro tombo para o lado. Outra rajada, foi atingida e caiu para trás, batendo as costas no chão de terra. As sobrancelhas dele tremeram um pouco? Se Luna não estivesse meio tonta, poderia jurar que viu no rosto de Léo um pouco de preocupação. Não... Devia estar imaginando coisas.

Sua trança já se desfazia um pouco e alguns fios de cabelo colavam em sua testa suada quando Luna se levantou pela...décima vez? Décima quinta? Ela não sabia mais. Só sabia que as rajadas de energia pareciam cada vez mais brilhantes e rápidas. Sua visão já estava um pouco turva, mas ela se recusava a desistir. Não foi isso que aprendeu e não era isso que queria mostrar ao Léo, que era uma menina fraca e desistente. Ele não podia desistir dela.

Quando Luna foi atingida pela próxima rajada luminosa que a jogou novamente com as costas no chão, ela duvidou verdadeiramente se conseguiria levantar mais uma vez. Era difícil identificar uma parte de seu corpo que não doía. Até seus cabelos pareciam gemer de dor. Foi quando uma sombra ofuscou a luz do Sol que brilhava em seu rosto e ela abriu os olhos, encarando uma mão que estava estendida em sua direção. Prontamente, a segurou e, sufocando alguns gemidos de dor, se levantou. - O-obrigada. - Proferiu ao tirar o cabelo que caía na frente do seu rosto. - Amanhã tem mais treino. Acorde cedo. - Léo só disse isso e se virou para voltar para o seu portão. Se Luna não estivesse tão exausta e um pouco decepcionada com o tratamento tão frio de seu bisavô, teria notado o leve sorriso que ele esboçava nos lábios ao virar as costas. Um sorriso de orgulho.