[ENTRADA] - The Black Mermaid

Não era noite, mas dentro de minha mente soava como. Uma lua cintilante, tentando
manter sua forma e brilho, enquanto nuvens escuras tentavam de tudo para tampá-la e tomar o controle. Mas isso não ia acontecer. Eu estou sob controle agora, e tentarei a todo custo permanecer assim. Já enfrentei uma luta imensa, por que não conseguiria agora? Uma tola e infantil garota, achando que iria conseguir me derrotar. Não, não, não, não ia.

— Um, dois, três, quatro... — Contei pela oitava ou nona vez, não me recordo mais, todas as quantidades de cartas comigo. Em todas as vezes que contei, chegava no número total correto, mas toda vez também uma insegurança interna me submetia a contar novamente. Talvez eu tenha contado errado. Talvez minha mente já não lúcida esteja me enganando. Eu não posso perdê-las novamente, senão nunca mais serei completa novamente. Com a longa unha do meu dedo indicador eu fincava na minha própria palma a cada número primo de minha contagem, apenas para me certificar que eu estava sobre controle, e a dor iria me demonstrar isso. Não posso voltar pro porão, não posso. — Vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, argh

Com o dia de hoje, faz oito semanas que eu estava sob controle, sendo assim, consegui traçar um objetivo de vida, já que finalmente tomei as rédeas de meu corpo. O que eu iria fazer? Bom, eu sou especial. Não no sentido pejorativo da palavra, mas especial. Tenho magia emanando pelo meu corpo e posso utilizá-la para gerar alguma mudança. Mudanças grandes. Nunca mais serei a peça de um jogo. Eu quero ser O Jogo.

Os anos que passei no porão me fez quase totalmente desatualizada sobre o mundo, mas isso não me impedia de aprender. De sussurros em sussurros, de fofocas em fofocas, eu aprendia alguma coisa. E aprendi da existência de uma guilda chamada Mermaid Heel. Somente mulheres. Poderia existir coisa melhor? Claro que existe homens bons, mas este são a minoria. E nunca encontrei um antes. E depois de tudo que passei, uma repulsa contra o gênero oposto iniciou dentro de mim. Preferia manter distância de todos, se possível.


Informação pós informação, Mei acreditava estar no caminho correto da guilda que esperava encontrar. Assim como acreditava finalmente ser a mandante de seu corpo e mente. Mas quanto tempo isso duraria? A garota dentro de sua cabeça apenas observava tudo, inerte na escuridão, rindo de tudo que acontecia.

Observei um aglomerado de pessoas, e, obviamente, notei que alguma coisa estava acontecendo. Alguma pessoa fazendo algo muito incrível, a população linchando um bandido, quem sabe. Mas com toda certeza eu gostaria de saber o que estava ocorrendo. Me aproximei vagarosamente e avistei uma figura feminina sendo ovacionada pelas pessoas que avistaram seu ato, o quê? não sei. Analisando o cenário de, uma velha muito contente com suas bolsas em mão e um homem inconsciente no chão, muito provavelmente ocorreu um ato heroico. Isso a fez, brevemente, minha inspiração. Quero ser ela! Quero? mas e se o homem que ela derrotou for fraco? Idai? O importante não é o ato em si? Mas e a força? Força. Força ou Bondade? Força.

Me aproximei ainda mais, para conseguir alcançá-la. Wanda. Esse era o nome dela, ou ao menos foi o que eu entendi. Como uma figura feminina forte, ela deveria saber onde era a Mermaid Heel, senão pertencer a ela. Aguardei ela se afastar um pouco da multidão para ter um momento a sós com ela.

— Wanda? — A chamei, meio que em tom de pergunta. Aguardei ela se virar e poder encará-la e analisá-la através de seus olhos. A profundidade dos olhos sempre dizem tudo. — Por que.... por que você ajudou aquela moça? — Gostaria de sanar essa dúvida de antemão para entender os objetivos da mulher e se inspirar com ela. Meus objetivos estariam alinhados com o de uma heroína? — O que te faz querer ajudar as pessoas? — Talvez, a resposta da mulher poderia mudar totalmente os pensamentos de Mei sobre si mesma.

Olhei-a disfarçadamente de cima a baixo. Fiz uma análise rápida. Seus motivos não despertaram quase nada em mim. ajudar por... ajudar?, dentro de mim isso soava estranho. A minha parte estaria reservada a que? Mas, mesmo assim, assenti com a cabeça, como quem concordava. Eu concordo? concordo ou não? Não concordo?

— Uma segunda pergunta, você sabe a localização da guilda Mermaid Heel? — Perguntei. Se ela não soubesse, continuaria a minha procura, mas facilitaria muito caso ela dissesse aonde é. — Estou querendo fazer parte dela. — Me expus. Todas as outras vezes que perguntei aonde era, nunca tinha dito o porque da procura, mas ela parecia ser uma pessoa boa. E muito melhor pessoas boas do que ruins. pessoas ruins pessoas ruins

Finalmente pude ver o rosto da mulher. Querendo ou não, cada aspecto de uma pessoa lhe gera uma impressão. Seu rosto, sua voz, seus atos. E, unindo todos esses fatores, nem assim você consegue conhecer alguém por inteiro. Mas, de aspecto em aspecto, você consegue conhecer o mínimo de alguém. de mínimo em mínimo para o máximo

— Minha magia vem dessas cartas. — Mostrei a ela meu baralho, cada carta tinha um significado, mas que até agora eu não consegui compreender por inteiro. Elas tem se mostrado incertas, e eu teria que aprender a lê-las, para assim utilizá-las. Não gostaria de perder uma para um uso inútil. É, eu sou uma maga, mas uma maga que não compreende seus poderes ainda. — Elas liberam variados tipo de magia, como fogo, água, entre outros. — Disse, incerta. Faz tanto que fiz uso delas que tinha um certo receio de utilizá-las novamente. — Tenho! — Afirmei, com certa empolgação, respondendo-a, também fechando meus punhos em minha frente, assentindo comigo. Dependendo da pessoa, até ajudo. Nunca se sabe a linha moral de alguma pessoa, você pode estar ajudando alguém que no fundo, não merecia ajuda alguma. Algo ecoou em minha mente. ajudo? ajudo. — E é por isso que quero entrar na Mermaid Heel. Ajudar os outros. — ajudar a mim mesma — Você poderia me dizer a localização por favor?

Quando me dei conta que tinha chego ao edifício que eu tanto procurara, olhei-a de baixo até o topo, impressionada pela estrutura. Talvez ali fosse minha casa? e se fosse, por quanto tempo seria? será que eu me mostraria capaz de pertencer àquele local? e talvez... criar uma nova família? uau, algo do tipo saiu bem baixo de meus lábios.

— Eu quero na minha mão. - Mostrei-a minha palma da mão esquerda, mas antes, após a pergunta, pensei profundamente aonde ficaria. Aquilo permaneceria eternamente em meu corpo? igual... Toquei próximo do meu olho não funcional. Isso eu farei funcionar! pensei, internamente sobre a guilda. Eu estava completamente preparada para o que viesse, e lutaria mais do que nunca incessantemente contra o perigo, incluindo eu mesma.

Assim que recebesse minha marca, agradeceria, e entraria no local, analisando cada rosto de suas novas companheiras.