[RP] Salvando a Pequena Flor.

O sangue percorria entre os vãos dos meus dedos, indo em forma de pingos por dele no chão. Caiam como se fossem um chuveiro coberto pela a cor de pecado, esperando que aquele banho poderia limpar sua alma toda ensanguentada. Quase na maioria das vezes, me pegava limpando minhas mãos coberta pelo sangue dos outros, sentido uma sensação de desgosto a mim mesmo por sempre repetir algo que prometi mudar. Mas, os hábitos dos seres humanos é algo confortável e quase passa despercebidos, quando nós vemos, todo já está feito e o que era é sua consciente pesada por falhar novamente.  

Levantando da posição de agachamento com um dos joelhos no chão, peregrinei para fora da Guilda, com o intuito de pegar um ar novo, se assim eu poderia refletir. A paisagem não era das melhores, para qualquer lugar que meus olhos poderiam enxergar só iriam ver areia e mais areia. Contudo, nem tudo nessa vida é como desejamos ou queremos, logo apenas devemos aceitar as atuais condições. Passando pela a entrada/Saída, ajeitei de um cigarro para essa pequena caminhada, e com toda certeza lhe acendendo para eu tragar.  

Poucos minutos de caminhada, e de fato, as coisas pareciam mudar um pouco. Digo, minha impaciência com a vida e como que eu iria fazer com ela a partir dali. Recém recrutado para a GH meus pensamentos ainda estavam no meu poder, ou no que meus chefes poderiam achar. Ser um Shadow poderia gerar muitos problemas, e olhares nada amigáveis. Entre um pensamento e outro, fitei uma menina no chão quente, toda suja e talvez desacordada.  

Corri até ela, perto o suficiente para ver se ela estava viva. Encostei meu dedo em seu pescoço, sua veia pulsava bem fraca, porém estava viva. - Ei garota. Está machucada? - Perguntei, tirando o cabelo do rosto dela. Fiquei de joelhos no solo.

Seu rosto era de uma menina nova, muito nova por sinal. Se eu tivesse uma irmã ou filha poderia sentir algum sentimento em ver ela nesse estado, porém era algo que não iria conseguir sentir, entretanto estava ali para ajudar ela no que for preciso. - Não, você está viva menina. - Lhe respondi sorrindo no final da frase. Após dizer que não estava conseguindo se mexer, minhas mãos iam pegando ela com delicadeza, deixando o rosto dela encostado no meu peito. - Fique tranquila não irei te machucar...você está pálida, se hidratou enquanto vinha para o deserto? - Caminhei perto da Guilda, onde iria deixar ela encostada numa pilastra. - Tenho água e comida...não sei para onde está indo, mas é melhor aceitar o que eu te ofereço. - Finalizei encostando ela na pilastra.

  Andar por esses lados sem estar realmente preparado é o mesmo que pedir para morrer, sentindo as piores sensações do mundo; a fome e sede.  Aquele rosto demonstrava muito bem a falta dos suprimentos básicos. No fundo senti pena, mesmo não á conhecendo e não sabendo nada dela, uma coisa era óbvia, era apenas uma criança. Caminhei para dentro da Guilda indo pegar água e um pouco de comida, um prato com arroz e carne. Provavelmente era errado fazer isso com estranhos ainda mais pelo fato de outras pessoas conhecessem o local onde nossa Guilda estava localizada, mas minha consciência não iria aceitar deixar um ser humano naquelas condições sendo que eu posso fazer alguma coisa para lhe ajudar. Já na cozinha, apanhei as coisas sem muito dizer o que iria fazer com aquilo pro cozinheiro, logo voltando para dar os alimentos para aquela jovem.  

  Me aproximei perto o suficiente para deixar a comida em seu colo, enquanto dava água na sua boca. - Na próxima tenha mais cuidado, menina. Ou você está morta. - Virei a garrafa de água nos lábios dela. - Me chamo Lúcifer....você não me parece ser da vizinhança, dá onde vem? - Deixei a gafara de lado para dar comida na boca dela, respeitando suas garfadas e o tanto também. - Não costumo ser tão amigável com estranhos, porém você estava quase morta ... - Sorri, continuando alimentando ela.  

 É de fato, ela curtiu bastante a nossa comida. Claro que não são todos que tem esse privilégio de degustar nossa iguaria, porém fiquei feliz por ela ter gostado e não ter achado uma gororoba. - Não, aqui temos um cozinheiro e ele faz nossa comida. - Clamei num tom baixo, rindo da fala dela. Ela parecia não ter família, ou ela estava se alimentando muito mal. Logo o assunto foi parar em sua magia, ser recusada pela maioria das Guilda por uma simples magia não era algo normal. A maioria dos magos conseguiam entrar em qualquer Guilda sem muito esforço, eu mesmo poderia ser um deles.  

-Fico feliz que pude te salvar, acho que você pode continuar sua jornada. Se quiser posso pegar mais água e comida...sua próxima parada não deve ser tão longe. - Murmurei me levantando e ficando bem mais alto que ela, esperando ela dizer alguma coisa ou se ela tentaria entrar para a GH mesmo não possuindo uma magia tão aceitável. - Sério? - Arregalei os olhos, ouvindo seu desejo em entrar para nossa Guilda. - Venha comigo, vou te por lá dentro. - Peguei na mão dela, puxando ela devagar para ir entrando comigo.  

 — Tudo bem, tome cuidado menina. — Ela parece querer provar-se alguma coisa para si, não pude entender muito bem, e como havia conhecido ela poucos minutos não poderia negar isso dela, afinal não devo passar de um mero desconhecido que ajuda as pessoas quase mortas no deserto. Soltei a mão dela deixando-a lá caminhando para dentro da Guilda, afinal eu não poderia interferir na entrada dela ou meus superiores iriam ficar bravos comigo por tentar esboçar algum sentimento por uma desconhecida. — Até menina. — Acenei com a mão destra e parti, meu instinto tinha quase certeza que ela iria ser aceita e nós iriamos voltar a ter contato brevemente.  

Meu corpo se encontrava sentado numa cadeira com uma mesa de madeira com minhas mãos segurando minha cabeça, por algum motivo aquela menina tinha mexido comigo. Sua entrada estava demorando muito, julguei que minha intuição estava errada mais uma vez, até que ouvi sua voz e logo seu corpo pulando a minha frente. — Não sei, se ela deve ter um sentido. Mas, ela precisa ser vivida e os resultados iram te dizer se teve algum sentido viver ou não. — Clamei para apenas ela ouvir.  — Tudo...— Seu abraçou me deixou sem o que dizer, ou melhor, me cortou complemente. Minhas mãos iam tocando ela calmamente e com uma certa firmeza — Parabéns, acho que sua magia é útil. — Sussurrei nos ouvidos dela.  

— Não se cobre tanto, você é apenas uma menina. O tempo lhe tornará útil. — Ao fim das palavras toquei o nariz dela esboçando um sorriso. Larguei ela e pensei no que iria fazer daqui para frente, no fundo eu estava feliz por salvar a vida dela e por ter mais uma integrante na Grimoire Hearts, mesmo que ela seja uma criança ainda. — Nós vemos logo menos, se cuide e qualquer coisa pode falar comigo. — Clamei dando um sorriso rápido, o típico sorriso que não mostra os dentes é apenas expressão mesmo. — Tchau! — Parti para outra área da Guilda.