[MISSÃO RANK D] - Aproveitadores

Finalmente seria testado.

Tais palavras turbilhavam minha mente de uma forma estrondosa. Uma emoção incontrolável apoderava-se do meu ser naquele instante. Estava sentindo aquele frio na barriga, aquele leve e passageiro bem estar, aquilo certamente conseguia me manter vivo.  Balsam poderia ser meu túmulo, ainda mais sabendo que o trabalho se tratava de aproveitadores salafrários, que não são tolos o bastante para baixar sua guarda e muito menos andar despreocupados, existe todo um plano arquitetado para suas ações maléficas. Posso dizer que minhas decisões não são sempre as mais acertadas, não sou guiado pela emoção tal como é suposto que deveria ser, comigo razão e instinto caminham juntos.Um verdadeiro mago apenas conhece-se a fundo a partir do momento em que descobre como conduzir sua força, como guiar seus instintos e preservar sua ira.

- Olá senhorita, estão ocorrendo casos aqui neste região, poderia me ajudar?   - Edwing tivera abordado uma simples jovem com semblante adorável, para começar sua primeira investigação no caso. Era de praxe andar com seu caderninho de anotações, sua mudez era uma aberração da natureza que jamais conseguia aceitar. A pequena garota olhava para os papéis com o cenho totalmente franzido, entendendo rapidamente o possível problema vocal.  - Senhor, ocorreu alguns casos onde garotas foram estupradas....  - O tom entristecedor em sua voz era quase palpável, uma ira contida estava presente na orbe azulada da menor, denunciando algo totalmente inesperado.  - Você foi uma das vítimas....?  - Perguntava sem excitação e preocupação.   - Sim.....eles.... eles fizeram coisas horríveis comigo... eu.. eu não sei.....    - As lágrimas caiam de seus olhos, aquela pequena fragilidade e pureza tivera sido destruída por estes seres malditos.   - Você gostaria de vingança?  - Tais palavras sinuosas adentravam em seus ouvidos, que imediatamente, fazia seu choro cessar.   - Vingança? Sim.... Eu..... eu quero.....  não fui somente eu.... Mais quatro garotas foram atacadas ao entardecer, todos minhas amigas queridas.....

- Tudo bem, me conte mais sobre esse caso, o que aconteceu exatamente.  

Desde então, Emily como tivera se apresentado, contava todos os casos pela região de Balsam. Garotas e mulheres tiveram sido atacadas em diversos lugares, uma coisa notória era que Emily disse que o poder mágico dos homens causava certa paralisia no corpo, em todas as vítimas praticamente.

- Emily, eu preciso da sua ajuda... Você quer vingança certo? O que acha de procurarmos esses malditos hoje?

-NÃO! Quem vai me garantir que ficaria ilesa?? Mal conheço o senhor! Mesmo sendo um mago da famosa Saber, está ideia é louca!

- Veja, eu poderia apontar cada uma de suas falhas, contudo vamos levar em conta apenas a primeira delas. És completamente dispensável para este mundo, entenda isso, e segundo, achas que conseguira sobreviver nessa miséria por muito tempo? Com esse remorso, essa angustia? Acredito que posso andar por cinco minutos aqui e falar com outra vitima que aceitaria minha proposta. Entenda, você é diferente, me contou os anseios de sua alma, sinto o tom maçante percorrer minha espinha, porem, apesar de saber que a meu ver suas palavras não passam de frivolidades inerentes ao ser humano. Compreendi cada memória que lhe faz agonizar. Está será minha última oferta.

Apesar de tudo o que eu ouvi não a via com outros olhos. Ela era adulta, mas eu ainda via como uma menina, uma criança que deveria estar brincando com o perigo. Mas algo havia mudado, algo havia transformado, demorou um longo tempo até que eu percebesse, minha palavras causaram um pequeno impacto em seu interior. Não deixava de sorrir, mas meu sorriso era cínico. Talvez a culpa fosse minha, a distância, minhas longas viagens, minha abrupta mudança com o mundo. Ela encarou-me esquadrinhando meu semblante, parecia ter imensa satisfação com minha reação. Ela estava preparada.

O plano básico era deixá-la perambulando pelos cantos até o momento que os desgraçados atacassem, de preferência onde as outras vítimas foram atacadas. Não iria demorar nenhum minuto sequer e planejava todos os passos com Emily. Perseguindo sua beleza natural pelos cantos de Balsam ela estava bastante calma para uma situação como aquela, seus passos calmos e graciosos eram interrompidos. Ela suspeitou que estava sendo perseguida, e sua respiração mudou tão rápido quanto suas mãos, que passaram a suar frio em um piscar de olhos.Já eu, estava com um sorriso torto estampado em meu rosto.

Ela não correu, parou e recuou alguns passos a fim de contemplar o que via. Estava atônita. Pensei que ela correria como se o mundo fosse acabar, no fundo eu queria isso, queria ouvir sua voz chorosa pedindo por piedade, queria olhar seus longos cabelos voarem com a corrida impetuosa pela sobrevivência, mas ao invés disso lá estava ela, parada encarando seus medos e anseios. Sem dar ouvidos a seu coração disparando, a sua dificuldade para respirar, ao suor que frio escorria por suas têmporas. Claros sinais de seu temor. Seus sentidos gritavam para que ela desaparecesse dali, mas ela não conseguia, talvez no fundo ela sabia daria tudo certo.

Os homens riam com sua aflição e começavam a tocá-la preparados para diversão, seu corpo não se mexia, talvez por causa do efeito mágico que ainda era desconhecido por mim, mas através de deduções tentava entender como funcionava. Dei um passo à frente, silenciosamente,  caminhando em direcção aos agressores até que os olhos azulados de Emily encaravam me com imensa satisfação.

Os punhos esverdeados por causa da magia circulava entre meus punhos, estavam sendo direcionados aos aproveitadores, uma sequência certeira nas costelas e costas poderia ser o bastante, logo que um dos malditos caia no chão com imensa dor. Sim, uma dor terrível  por causa da pele que queimava de forma horrenda, o outro por sua vez, aguentava o tranco, e partia em direcção a mim com sua fúria desgovernada. Socos, pontapés e joelhadas era o máximo que conseguiria fazer. - É só isso?  - respondia de forma debochada, não fazendo questão de me defender, estava acostumado apanhar, aquele tudo me fazia sentir mais vivo.

Notando seus esforços inúteis e seu parceiro caído no chão, o tom esverdeado em minhas mãos brilhavam com mais intensidade, causando temor ao meu inimigo que imediatamente se rendia no chão, sabendo que mais um ataque daquele poderia causar estragos irreversíveis.

- Obrigada senhor Edwing, não sei como retribuí-lo!  - Dizia Emily com os olhos cheios de satisfação.   - Este é o trabalho de um mago, Emily. Treine bastante e quem sabe um dia você possa entrar na Saber.  -  Respondia de forma simplista, saindo da delegacia com a confirmação que os meliantes estavam presos.