Ordens do Conselho Rank D — Efi

Após uma superior entrar na sala de reuniões dos cavaleiros, ela designou a cada um de nós uma função, sendo a minha de executar a ronda pelo Conselho no período da noite. Enquanto a hora não chegava, conversei com alguns dos outros cavaleiros, um deles disse que coisas estranhas ocorriam no período da noite, então todo cuidado era pouco. A volta dos recrutas da tarde anunciava que era minha vez de partir, assim segui para o lado de fora.
Ao observar as ruas iluminadas, transferi minha confiança para o lugar do medo, assim comecei a caminhar pela cidade. Uma hora ou outra eu me assustava com alguns animais que estavam revirando lixeira, mas até então nada incomum havia ocorrido. Após caminhar bastante, acabei me deparando com outro cavaleiro. Ele alegava não ter visto nada de incomum nas ruas, mas sim nas vielas, foi quando iniciei minha passada por elas.

A grande iluminação não era capaz de chegar nessas passagens, isso devido aos grandes prédios colados, o que me deixava receosa. Meus passos eram cada vez mais lentos, não queria confundi-lo com o de outra pessoa. Durante uma passagem, acabei me encontrando com uma idosa que olhava de forma furiosa para mim, depois resmungava “São eles que nos protegem?” e imitava som de deboche. Notei também que ela estava próxima uma caixa com peixes exóticos, nada de novo, talvez ela trabalhasse num restaurante próximo.

A noite continuou tranquila, como havia ocorrido pela rua, apenas alguns animais corriam de cá pra lá dentro da zona escura, apesar de que, por alguns segundos, eu pensei ter avistado um homem parado próximo a lixeira, mas ao me aproximar, não havia nada, apenas vários resíduos acumulados.

Aproximando da meia-noite, eu sabia que meu turno acabaria em 6 horas, e por sorte, nada de extremamente estranho havia ocorrido. Retornei até os Portões do Conselho e comecei a ronda-lo para ter certeza de que estava tudo bem. No portão leste, notei que um vulto havia entrado correndo num beco após minha aproximação, deixando um rastro de fumaça. Não demorei para persegui-lo.

O beco era separado pela esquerda e direita, sendo o primeiro sem saída, segui pelo lado oposto. Os rastros de fumaça haviam desaparecido, porém o resto do cigarro ainda estava aceso no chão, indicando que eu estava do lado certo. Aproveitei que os trajes da ronda noturna possuíam uma coloração azul escuro e colei numa parede, a pouca luz dificultaria qualquer um de notar minha presença e aquele homem precisaria sair do local.

Longos minutos se passavam e nada, talvez ele tivesse pulado o muro, então retomei meu caminho para fora do beco. No momento que fui virar a saída, ouvi um assobio e vi uma fumaça atravessar o local. O homem havia lançado o resto do cigarro de um lado e se escondeu do outro, algo esperto, porém não havia saído a tempo de não ser descoberto. Iniciei uma perseguição a espreita, passando pelas vielas que já havia visitado, afinal, lembrava de boa parte das passagens.
Caminhei por longos minutos até me deparar com a antiga senhora da viela anterior, ela estava roncando e o homem estava vindo em sua direção, me escondi atrás de uma lixeira e apenas observei o que ia ocorrer.

- Está atrasado! – disse a idosa
- Me deparei com um problema, uma cavaleira intrometida estava na minha cola
- Ela passou por aqui... tão inocente... não... burra! – ela se levantou rapidamente da cadeira e bateu na cara do homem. – Mesmo assim, ela não é desculpa, leve meus tesouros, agora!

A senhora por fim saia da viela, deixando o homem resmungando baixinho. Ele levantava a caixa de peixes, que parecia muito pesada apesar de seu porte físico. Sem notar, ele derrubava um dos peixes. Apressei-me em ir analisa-lo, o peixe era feito de plástico, mas bem pesado, possuindo uma abertura na barriga. Abrindo-o, vi uma coleção de joias e me lembrei de um recente assalto a uma joalheria. Apesar da vontade de fazer justiça, apenas retornei com as provas até o Conselho e o reportei para minha superior, que mobilizou um grupo para busca-los. Ela agradeceu a colaboração e me mandou retornar para finalizar o turno da noite, que prosseguiu calmo.