[PROCURANDO A GUILD] Tartarus, cade vc minha filha?

A pequena monstruosidade azul ficava intrigada com o surgimento de tantas novas figuras. O que antes pensava ser apenas um se tornaram vários, e ainda não dava para se ter uma noção se alguém ali naquele lugar eram inimigos — afinal, três sujeitos se encontraram repentinamente e começaram a conversar, não indicando agressão. Mas um quarto sujeito parecia existir ali.

Nietz desconhecia aquilo. Não parecia ser uma voz humana, nem de algo que existia em Edolas. Coçou a cabeça confuso, mas trabalhando com todos os fatos que tinha, foi correndo para o grupo de três pessoas. Se não eram hostis, ali ele provavelmente estaria seguro. Não só isto, como não hesitou em olhar para todas direções, tentando localizar aquela que dizia algumas coisas estranhas:

— Nietz vai comeeeer você! - dizia, ainda com uma fala complicada de se entender com perfeição, como se tivesse a língua presa. — Olá, amigos. - sussurrou para o grupo de três pessoas.

Se pudesse descrever àquele momento de alguma forma, certamente descreveria como: uma série de eventos aleatórios que deveriam acontecer, mas não naquele instante. Surgindo dentre as árvores, retornei para próximo de meu mestre que se encontrava acompanhado de uma dama, ele ao perceber minha presença não demonstrou sequer expressão e dirigiu a palavra a mim, sem entonação ou presença de emoções – como de costume –, mas o conhecendo bem como eu o conhecia pude supor que estava desapontado e um pouco irritado por minha distração. Mostrando remorso, abaixei minha cabeça e concordei com seu comando, ficando mais atenta com o caminho e o que se encontrava ao nosso derredor. – Digo o mesmo, senhorita. – tentei, sem sucesso, esboçar um sorriso amistoso, mas ele se demonstrava muito forçado, logo o desmanchei.

Alcançamos uma região do pântano onde a vegetação cobria nossas cabeças e as copas das árvores eram tão espessas que impediam que a luz do Sol prosseguisse, assemelhando-se a uma noite sem estrelas. Meus sistemas me avisavam para não prosseguir a fundo naquele pântano, mas eu não abandonaria meu mestre e se sua decisão era encontrar a hansa dos demônios, assim seria. Interrompendo as conversações e os ruídos dos insetos, uma risada apavorante inundou o lugar com seu volume e intensidade, que me causavam calafrios, cessando apenas para dar espaço para uma voz que certamente era dona da risada anterior. Os padrões de timbre eram os mesmos, meus programas captavam isso e pela duplicação e sobreposições de timbres captados, supus que não era algo humano; cruzei os braços, observando a reação dos demais, a jovem parecia assustada e intrigada, ao contrario de meu mestre que não esboçava nada – às vezes me perguntava se ele era realmente humano –, ele esbravejou na intenção de que a fera o ouvisse e em seguida murmurou para que apenas nós ouvíssemos. Suspirei, esvaziando a cabeça e entrei em modo alerta, aumentando minha capacidade de perceber sons e movimento para caso algo nos ameaçasse. Não demorou mais de um minuto para algo acontecer, o som de pegadas apressadas eram eminentes vindos da minha direita, entrei em posição e aguardei a investida do ser – e me desapontei.

Uma pequena besta surgiu dos arbustos e gritou algo indistinguível, deixei que minha cabeça caísse para a direita e busquei informações sobre pequenas feras similares a esta e com muita dificuldade – e suposição – o identifiquei como um exceed, estranho, deformado, mas exceed. – Olá, exceed. – respondi, não conseguiria chamar aquela aberração de gato. – Está perdido? Esse não é um habitat comum da sua espécie... – pausei para pensar, talvez a vegetação estranha do pântano o deixasse deformado; pigarreei e retomei a compostura, desculpando-me pela pergunta indiscreta e voltei a me concentrar no que a voz desconhecida havia dito. Afastei os lábios e usando um dos meus programas de gravação, reproduzi novamente voz em um volume mais baixo e em uma qualidade audível, formando um significado para sua sentença. – Bem, pelo o que eu entendi “criaturas tocadas pela tormenta” são seres amaldiçoados e como procuramos uma guilda de demônios, posso supor que são demônios. – expus o obvio, cruzando os braços. – Estamos no caminho... – anunciei, depositando minha atenção em meu mestre, que deveria dar as ordens a seguir.