[Treino: Perícia] Alice

Pode ser que eu sempre tenha um jeito meio infantil e de criancinha, mas sabe, não sou só esse rostinho meigo que aparento. Eu sempre consegui me sair bem no colégio com facilidade até, meus pais sempre se orgulharam de minhas notas. Inclusive fiquei com receio deles acharem que seria um desperdício que eu virasse uma maga. Mas longe de querer me achar, é só que as pessoas julgam de mais pela aparência, e no caso, a minha parece que sempre aponta como a menina bonita que não é inteligente. Bem, eu reconheço o meu jeito atrapalhado e eufórico, mas uma coisa que poucos sabem é que eu realmente amo jogar xadrez. Isso mesmo, esse joguinho que muitos consideram de nerd, eu adoro passar o tempo nele.

Pensando nisso faz um bom tempo que não me exercito em jogatinas. Hoje então parece ser um lindo dia para exercitar esse feito. O céu está limpo como de costume nessa cidade litorânea, e a brisa soa bem correndo pelas arestas da janela. Eu que bem estou com um sorriso no rosto e o olhar a brilhar ao ver os raios de sol iluminando toda a paisagem.

Um bom planejamento estratégico bem elaborado é indispensável para conseguir um sucesso em uma partida de xadrez. Pois é algo que vai fazer uma boa diferença entre você e seu adversário, essa que pode o levar à vitória. São vários os componentes para tornar eficaz um plano de uma jogada, como estar sempre prestando atenção na posição em que se encontram as peças distribuídas pelo tabuleiro, sacrifícios são bem vindos e natos de um bom plano, sabe quando atacar ou recuar, ocupar os espaços certos, fatores que levam um jogador a ter mais ou menos opções na hora de uma ofensiva ou defensiva. Fatores esses que compõem um grande complexo de possibilidades em uma partida, e ter uma boa mente centrada nisso é ter sempre a mão próxima a pérola da vitória.

Considerações:

Determinada a concluir essa minha vontade, tratei logo de me aprontar para exercitar esse meu raciocínio. E pensando bem, isso poderia até mesmo me ajudar em alguma luta. Como por exemplo elaborar um plano para efetivar uma defesa contra um ataque inimigo, ou até mesmo prever um ataque. Claramente eu não sou ter uma bola de cristal e receber uma visão do ataque, eu digo “prever” apenas no sentido de perceber as circunstanciar ao redor e me precaver de um ataque mediante a elaboração de uma estratégia. Porque é óbvio que com uma mente treinada e intelecto rápido e direto eu conseguiria ter esse tipo de raciocínio em batalha.

Logo fui me aprontar, tinha acabado de acordar, então ainda estava com minha roupa de dormir: um meigo pijaminha de cor cinza claro, calçando um par de pantufas cor de rosa com orelhinhas de coelho. Pois bem, peguei minhas roupas de costume: uma blusinha preta caída nos ombros, uma saia rodada cor de uma, um tênis bem delicado de cor bege, e minha bolsa azul transversal de tamanho médio, a qual uso para carregar minhas cartas mágicas. E obviamente não deixando de lado minha querida presilha de borboleta, da cor dos meus olhos, e está vez amarrei uma mecha de meu cabelo com ela, ficando com uma espécie de xuxinha apenas em uma lateral. Já bem inspirada com o dia, saí pelas portas da frente da guilda, percorrendo por todo seu arredor.

E então fui para os arredores da guilda, carregando comigo tabuleiro pequeno e portátil, desses que dobra e dá para guardar as peças dentro, debaixo do braço, além de uma toalha de praia de cor branca dobrada dentro da bolsa. Além dessas coisas, estava também levando comigo um livro que gosto bastante, sobre jogadas de xadrez. Dessa maneira eu estaria feliz, tendo a pretensão de arranjar uma boa árvore, proporcionando assim uma ótima sombra, e um excelente ar fresco e clima agradável para ficar. É muito bom raciocinar em ambientes arejados, o clima tem influências direta em nossas capacidades cognitivas, logo, com certeza isso ajudaria a elaborar uma boa estratégia.

Considerações:

Perambulei por alguns instantes percorrendo o arredor da grande estrutura da Blue Pegasus, e então encontrei um local bastante ameno, bem calmo e fresco, como eu estava querendo. Uma grande árvore proporcionava uma grande sombra em seu pé. Sem pensar duas vezes corri em direção a ela para me acalentar debaixo de suas sombras. E logo retirei a toalha de praia de minha bolsa e a estendi no chão, para assim poder repousar. Sentei com as pernas cruzadas sobre a toalha e tirei a bolsa de minha coluna, passando ela para o meu lado. Da bolsa retirei o livro que havia mencionado.

Com o tabuleiro em mãos, o desdobrei deixando-o em sua posição original e em seguida o coloquei em minha frente sobre a toalha. As peças ainda estavam espalhas pelo chão, mas logo as coloquei em seus devidos locais sobre o tabuleiro. Estava quase tudo certo para começar o jogo. Bem, eu sei que estou sozinha e que um jogo original de xadrez é feito por dois, mas muitos jogadores costumam praticar e elaborar estratégias sozinhos. Eu posso até jogar contra mim mesma. Quem será que vai ganhar? Nossa, que piada horrível, melhor eu focar e me concentrar de volta.

Pois bem, peguei o livro e o abri, e então comecei a vasculhar em suas páginas alguma jogada que me interessasse. Haviam tantas, que quanto mais vejo mais fascinada pelo jogo eu fico. É de fato um mar de possibilidades, onde tudo que eu penso pode refletir de uma maneira diferente no adversário, e vice-versa. Uma só jogada pode abrir caminho para várias outras, como também pode fechar as portas de outras muitas possibilidades. E esse é um dos objetivos, fechar as portas do seu adversário, até chegar um ponto onde ele não consiga mais enxergar nenhuma possibilidade do que fazer. Uma forma de o deixar encurralado quando ele menos esperar, de maneira que ele mesmo declare a sua derrota, mediante a uma impotência de ação.

Considerações:

Bem, assim como antes eu havia mencionado sobre as considerações básicas que um jogador deve ponderar mediante suas atitudes em uma partida, o livro mostra-me alguns pontos, acrescentando mais ao meu conhecimento. Como por exemplo, algumas táticas devem ser consideras por intermédio da atribuição de pontos a cada peça do tabuleiro. Sendo assim, os peões valem um ponto cada, os cavalos e bispos valem três cada um, a torre vale cinco pontos, e então vem a rainha com nove pontos. Enquanto que a peça Rei é então um valor absoluto, perdendo o rei, você perde o jogo.

Contudo, apesar de que a pontuação segue um nível de coerência de poder entre as peças, sendo esse do maior para o menor, quanto mais forte, maior é o seu valor. Isso não acontece com o rei, pois ele é quase tão fraco quanto um peão, mas é decisivo para o jogo. Trazendo isso um pouco para a realidade aqui, a Rainha seria a Kurai, os Peões seriam quase todos da guilda, o Cavalo ou Torre seria o Nie, eu poderia ser talvez um futuro Bispo? Acho roupas de freiras até bonitinha, mas não sei. O Yusuke com certeza seria um Cavalo, visto que ele é bem forte e é um cavaleiro. Enfim, voltando para a estratégia...

O essencial para uma estratégia bem elaborada é cuidar bem dos peões, ou seja, dar uma boa atenção para essas peças que normalmente são as mais menosprezadas. Pois sem eles, as peças mais fortes ficam vulneráveis e passíveis de morte. Então em uma luta, devo ter atenção a todos, não somente os mais fortes como Nie e Kurai, mas também utilizar de minha magia para proteger a todos, independentemente de julgamento de força! Bom, enfraquecer essa linha de frente do adversário pode ser uma boa tática para achar seus pontos fracos. Então através das peças “mais fracas” é possível atingir, mesmo que indiretamente, as peças mais fortes do adversário. E ai está o ponto de uma boa estratégia, quando o inimigo menos espera, você está na espreita do ataque.

Considerações:

Logo depois do último treinamento, eu sentia que já conseguia estipular melhor as situações. Foi lá sobre a sombra, com alívio refrescante, daquela árvore robusta, que procurei a estuar mais a respeito da arte da estratégia. Essa que pode ser aplicada de diversas formas em nossa vida. Seja em um ato simples em nosso cotidiano, ou até mesmo em momentos decisivos em uma batalha. A estratégia sempre é um recurso bom para ser usado. E eu já tinha a certeza de que comigo não seria diferente. Estudando essa arte me sinto até mesmo mais útil, pois posso fazer muito mais do que apenas aumentar as forças de alguém em campo.

Contudo, ainda sou uma mera novata nesse ramo, ainda tenho muito a aprender. E até o momento eu só fiquei na teoria, entendendo os fundamentos que concedem uma real tática estratégica, capaz de trazer nossos objetivos à tona. Então, quem sabe já não esteja na hora de um pouco mais de prática? Chego a ficar ansiosa para poder me situar em jogadas pensadas e bem elaboradas em um jogo. Pois bem, acredito que já decidi o que farei em meu dia. Não será uma missão, ou um mero treino de força, irei treinar mais um pouco da minha mente em mais um capítulo de estratégia!

O dia estava apenas começando, e como sempre eu estava a olhar pela janela já cedo. A cidade portuária de Hargeon é tão bela, seu céu é de um tom de azul tão vivo, além de ser tão limpo, são poucas as nuvens que o cobrem, e essas poucas que se estendem por ele são tão brancas e aparentam ser tão macias. Fora todo esse esplendor azul, tem também a maravilhosa brisa marítima, que traz aquele ar tão fresco, quase que impossível não se deixar encantar por todo o clima que o próprio local da cidade constrói.

Sem delongas, fui direto em meu guarda roupa buscar minhas vestes para me aprontar. Iria tirar meu pijama e vestir o de sempre: uma blusa preta de alcinha caída nos ombros, uma saia rodada cor de rosa, um tênis bem delicado de cor bege, e minha bolsa azul transversal de tamanho médio, a qual uso para carregar minhas cartas mágicas. E obviamente não deixando de lado minha querida presilha de borboleta, da cor dos meus olhos, e está vez amarrei uma mecha de meu cabelo com ela, ficando com uma espécie de xuxinha apenas em uma lateral.

Considerações:

Estava verdadeiramente determinada a progredir com um desenvolvimento estratégico iminente. Peguei então o meu tabuleiro de xadrez junto ao mesmo livro de tática que antes eu havia pego. Coloquei os dois em baixo do braço, e logo enrolei aquela mesma toalha branca e a guardei dentro da bolsa. Tudo o que eu queria era encontrar novamente aquela mesma árvore, para poder praticar mais uma vez sobre essa arte maravilhosa que é a estratégia. Meus olhos brilhavam só de pensar em tudo o que eu poderia fazer com esses conhecimentos novos que venho adquirindo com esses treinos, e que pretendo evoluir muito mais ainda.

Já toda arrumada e com tudo o que precisava em mãos, saí de meus aposentos de Blue Pegasus de forma bem alegre, quase saltitando ao invés de caminhar comumente como qualquer pessoa normal faz. Contudo, não estava indo direto ao local da árvore. Passei antes no salão da guilda, para então tomar um café bem reforçado. Fazia parte também uma boa alimentação, se eu pretendo estudar e melhorar o meu intelecto eu preciso estar bem saciada. Caso contrário, o treinamento pode acabar sendo em vão, e eu de maneira alguma quero desperdiçar esse tempo. Dessa maneira, no bar da guilda, procuraria tomar um bom e reforçado café da manhã.

Após me alimentar, já estava na hora de partir para o treino. Então voltei para a caminhada rumo ao mesmo local que havia feito o treino anterior. Sendo assim, saindo pela porta de entrada da guilda, fui andando de forma saltitante percorrendo os arredores da Blue Pegasus. Estava à procura daquela mesma árvore, pois com certeza ela continuaria proporcionando aquela ótima sombra para me assegurar do sol, e aquele ar ainda mais fresco que corre de baixo de sua copa. Esse era o exato ponto que propiciava uma boa elaboração estratégica.

Não demorou muito para que eu achasse o local. Não que eu tivesse decorado seu caminho, mas a árvore em questão é facilmente reconhecível. Dessa forma, logo retirei a toalha branca de dentro da minha bolsa e forrei o chão abaixo da árvore, aproveitando de sua sombra, para assim poder sentar. Sentei com as pernas cruzadas sobre a toalha e logo retirei aquele livro da bolsa. Em seguida, coloquei o tabuleiro a minha frente, já separando as peças brancas das pretas, para formar os dois times do jogo. Então pacientemente fui colocando cada peça em seu lugar. Primeiro a linha de frente com a frota de Peões, em atrás ficariam as peças maiores, torres, cavalos, bispos e então o rei e a rainha.

Considerações:

Agora sim estava tudo pronto para de fato dar continuidade ao treino. De tal maneira, com o livro em mãos, comecei a foliar suas páginas. Procurando mais sobre as estratégias do jogo em questão, xadrez. Muitas dicas e modos de jogadas, mas eu queria evoluir mais do que só o básico, pois os fundamentos da elaboração de uma estratégia eu já tinha em mente, porque foi o que justamente estudei no treino passado. Foi então que encontrei um pouco mais a respeito sobre táticas de jogo. Logo me interessei pelo título e fui ler mais a respeito.

A tática está no ato de pensar em várias possibilidades de movimentos que uma peça pode executar em uma, ou dentro de uma sequência, de jogadas, tendo a intenção de, seja qual for o objetivo, finalizar o jogo rapidamente, e para isso o objetivo final é a captura do rei inimigo. Ou seja, o objeto principal do adversário. Estrategistas desenvolveram vários tipos de táticas ao longo dos anos quando se trata de xadrez, utilizando uma vasta experiência para conseguir atribuir uma grande velocidade a uma partida. E dentre as diversas e quase incontáveis possibilidades de táticas já elaboradas, há algumas mencionadas como pilares. E é sobre elas que aprenderei hoje.

Garfos: uma bem simples, talvez a mais simples. Consiste em atacar duas peças que estejam sem proteção, ou tentar atacar diretamente o rei, junto a qualquer peça que esteja próxima a ele. O que está sempre presente nessa tática é atacar uma peça que teria como responsabilidade cuidar do rei, deixando o adversário sem meios de proteger sua peça mais importante. Essa tática pode também ser elaborada em uma escala menor, para tirar outra peça senão rei.

Pregadura: essa tática é um tipo de movimentação, onde o jogador impede o adversário de mover uma determinada pela, impossibilitando assim a proteção de uma peça de maior valor. Como exemplo, um cavalo pode estar sendo preso pelo posicionamento de um bispo. Mas não é questão de o cavalo não poder se mover, ele até pode, mas se o fizer, o bispo terá livre acesso ao rei. E novamente, isso pode ser usado não somente para capturar o rei, mas também qualquer outra peça de valor, como uma torre.

Ou seja, as estratégias firmam meios de atingir o ponto fraco do adversário, conseguindo levar a vitória em uma batalha muitas vezes fazendo o próprio inimigo desistir e entregar o jogo. Assim como em uma luta em âmbito real, devo sempre estar preparada e atenta aos passos do inimigo, e como posso impedi-los ao ponto de que fiquem presos não só literalmente, mas em um sentido figurado, como na Pregadura.

Considerações:

Não era nada fora do comum, apenas mais um dia que se iniciava. E eu já me espreguiçando, antes mesmo dos primeiros raios de luz do sol que entravam pela janela iluminarem por completo o quarto. Eu apenas queria que por mais uma vez o meu dia fosse uma pequena aventura dentro de minha jornada. Levantei da cama com o pé direito indo em direção ao banheiro. Olhei para o meu reflexo no espelho, enquanto escovando os dentes. Observava meu próprio olhar, que parecia a estar cada vez mais radiante, talvez fosse fruto de todas as conquistas que venho obtendo aqui na Blue Pegasus.

Ainda estava meio triste com a última missão. Na verdade, estava inconformada com o que tinha acontecido. A verdade é que eu não queria que as coisas tivessem acontecido daquela maneira. Aqueles irmãos poderiam muito bem ter se salvado, tudo poderia estar bem. Fico pensando como ser mil vezes melhor se ambos tivessem abrido mão daquela vingança e tivessem me dado as mãos, aceitando meu convite para se juntarem a guilda. Mas infelizmente não foi assim que as coisas aconteceram, a vingança falou mais alto no coração dos dois. Só tenho a desejar que eles superem isso, caso contrário serão prisioneiros da sua própria vingança.

Enfim, chega de devaneios, não quero me deixar abater novamente com essa história, já chorei tudo o que tinha para chorar. Hoje estou determinada em alcançar um novo patamar em meus conhecimentos sobre estratégia, e o farei seguindo a mesma linha de raciocínio dos demais treinos. Pois bem, é isso o que farei neste dia, pois assim como os outros, não deixarei que passem em branco. À vista disso enxaguei meu rosto com aquela água gelada da torneira, e passei os dedos entre os meus fios de cabelo para desembaraçá-los.

Do banheiro fui direto ao meu guarda roupa pegar minhas vestes para me aprontar. Tirei o meu pijama e vesti o que comumente uso: uma blusa preta de alcinha caída nos ombros, uma saia rodada cor de rosa, um tênis bem delicado de cor bege, e minha bolsa azul transversal de tamanho médio, a qual uso para carregar minhas cartas mágicas. E obviamente não deixando de lado minha querida presilha de borboleta, da cor dos meus olhos, e está vez amarrei uma mecha de meu cabelo com ela, ficando com uma espécie de xuxinha apenas em uma lateral.

Assim como em meus outros estudos, usaria uma boa tática: o estudo sobre as estratégias do famoso jogo chamado Xadrez. Esse que seria reconhecido por suas notáveis táticas de raciocínio a respeito de inúmeras possibilidades a cada passe de uma peça. Já havia obtido bons resultados cultivando esses estudos, então não seria agora que eu iria parar. E então, já sabia o treino que estaria por vir. Mas por hora, seria melhor por em prática algumas das táticas que havia praticado nos dias anteriores. De tal maneira, passaria o dia apenas executando movimentos táticos com as peças de xadrez em meu próprio quarto.

Considerações:

Um novo dia começava, e após sucessíveis sessões de treinos no dia anterior com as táticas já aprendidas reservaria hoje para poder estudar demais estratégias. Por mais uma vez pegaria aquela minha toalha branca de praia, e meu livro de táticas de xadrez, e claro sem esquecer do próprio jogo, meu tabuleiro portátil de xadrez. Em seguida, com todo pronto, fui me dirigindo para os arredores da guilda. Naquele vasto local procuraria aquela boa e velha árvore para iniciar meu treino.

Não demorou muito para achar o local onde se encontrava a grande árvore, a qual conseguia oferecer uma boa quantidade de sombra. Nada além do que se esperava de algo desse porte. Mas além da sombra, ela oferecia um ar fresco que com certeza ajudava na hora de raciocinar. Pois então, achei a minha querida companheira de treinos, e correndo em sua direção, já fui logo estendendo a toalha sobre o gramado sob a sombra. Em seguida sentei de pernas cruzadas, já preparando o jogo. Abriria o tabuleiro, colocando cada peça em seu devido lugar. Peões à frente, torres, cavalos, bispos e a “família real”, atrás.

Daria continuidade aos conhecimentos que vinha aprofundando a respeito das táticas. De começo aprendi os fundamentos de uma estratégia de jogada para que ela seja bem elaborada. Tudo deve ser bem observado e analisado, cada passo possibilita várias possibilidades. E seu objetivo final é acabar com as possibilidades de seu adversário, para que ele não tenha opção do que fazer. E assim, muitas vezes ganhando a luta com seu próprio oponente declarando derrota.

Mas então, como isso tudo seria atingido? A própria estratégia é o estudo desses conceitos, e assim é aplicada não somente em um jogo como o xadrez, mas com certeza também em uma batalha. Por isso então que a partir desses fundamentos vêm os conhecimentos sobre as várias formas de táticas, das quais já aprendi algumas, e hoje, conforme o livro, irei aprender mais outras. Fico maravilhada em como que o xadrez consegue simular tão bem os pensamentos relatados em uma batalha.

Bom, indo de fato para os estudos, ao folhear as páginas do livros, começaria a ler a respeito dessas mais algumas estratégias, sendo a primeira de hoje denominada Espetos. Bem, semelhante a Pregadura, outra tática que já aprendi, essa dos Espetos também é muito eficiente, porque não é uma estratégia de defesa, mas sim quase que puramente de ataque, a diferença nessa jogada é que a peça de maior valor fica à frente de uma de menor valor. Como exemplo, temos um clássico chamado de espetada: assim que o Rei fugir do ataque da Rainha, a torre dele será perdida e a vantagem será perdida.
Fora essas táticas que estudei, existem muitas outras, essas são apenas algumas das bases, pois muitas outras também são úteis. Tudo depende da circunstância, devendo ser usada no momento certo para que haja sucesso. Como por exemplo a boa e velha tática do Sacrifício, na qual o jogador sacrifica uma de suas peças de propósito para assim conseguir algo de maior valor do oponente.
Há também outra estratégia, denominada Zwischenzug, ela acontecendo quando o jogador consegue deixar o adversário confuso. Funcionando da seguinte forma, o jogador faz um movimento inédito, ou melhor, que seu oponente não esperava, sendo isso algo já planejado por ele, e então logo após a ação, começa a fazer jogadas muito previsíveis. Assim seu oponente de certo terá uma chance de ser confundido, e até mesmo suas jogadas mais simples e fáceis serão lidar com dificuldade pelo adversário.

Bem, acredito que mais esses conhecimentos estavam agregando e somando em meu conhecimento. Estava feliz com o resultado, e me entreti o bastante para não ver o tempo passar. Quando me dei por conta, meu estômago já estava roncando, olhei a minha vontade e o sol estava mais forte. Provavelmente já era meio dia e eu estava com fome. Por hoje já estaria bom o meu estudo. Logo, voltaria para os meus aposentos da Blue Pegasus, recolhendo tudo o que havia levado.

Considerações:

Uma bela manhã se iniciava, e eu logo cedo já estava me espreguiçando em cima da cama. Estava bem descansada, ultimamente não tenho feito tantas missões ou sequer treinos, tenho focado meu tempo em estudos a respeito de táticas e estratégias. Estou tão fascinando ultimamente com as várias maneiras existentes de se elaborar uma tática, que consigo passar horas e horas apenas com meu tabuleiro de xadrez, observando suas táticas para levar o adversário à derrota. Basicamente, o fundamento de uma estratégia bem elaborada está em retirar todas as possibilidades do oponente, deixando-o sem saída. O xadrez reflete bem isso quando se trata do famoso xeque-mate.

Após terminar de me espreguiçar, fui ao banheiro escovar os dentes. E então pensava no que faria hoje? Eu posso querer fazer uma missão, talvez tenham muitas a serem feitas só esperando por alguém destacar seu anúncio do quadro. Mas na verdade não é o que quero no momento, estou atualmente bem focada nesse meu aprendizado. Não consigo largar o livro de táticas, e fico a todo momento elaborando e visualizando as estratégias em minha mente. Eu só quero verdadeiramente chegar a um ápice, um ponto onde eu consiga ser verdadeiramente útil em um embate. Não estou nessa ganância de conhecimento apenas por mim, mas sim pela guilda como um todo. Porque como sempre digo, quero ajudar àqueles que amo.

Penteava os meus cabelos com as próprias pontas dos dedos, escorrendo-os pelos meus fios loiros. Com as roupas trocadas, não mais usando aquele pijama de costume, agora com roupas do cotidiano: uma blusinha folgada de cor azul, um short jeans cinza, e um sapato branco. A minha presilha de borboleta agora enfeitava meu penteado um tanto quanto diferente, um rabo de cavalo, digo diferente pois comumente uso ele solto mesmo. Hoje queria ficar mais à vontade do que o normal. À visto disso estava pronta, preparada para que o dia começasse e eu pudesse treinar mais.

Pegava o meu livro e tabuleiro. Diferente dos outros dias, ficaria em meu quarto mesmo, sem ir à procura do ar fresco proporcionados por uma boa sombra do repouso de uma árvore. Por mais que fossem ótimas essas condições as quais me sucedia, desta vez preferi por ficar meus aposentos na guilda mesmo. O tabuleiro estaria montado por cima de minha cama, com todas as peças já posicionadas em seus devidos lugares. O livro em mãos, e meu olhar observando atentamente a cada situação a que se submetiam aquelas peças. Tendo em mente todas as estratégias das quais já havia aprendido, essas que dificilmente escapariam de minha mente.

Meu objetivo seria ter controle sobre a maior quantidade de peças valorosas possíveis. E para isso existem vários fatores que devem estar em mente para realizar uma boa jogada de início. Um deles é passar as peças de menor valor, os peões, enquanto que assim permitindo movimentar melhor as peças mais fortes. Dessa maneira, há uma chance do oponente se confundir, distraindo-se com o avanço das peças primárias, e não prestando tanta atenção nas mais importantes. Outra coisa que deve-se ter em mente, é que o lado vai influenciar na jogada, assim como numa batalha, seu território e posição vão influenciar na ação, logo, caso você se mova primeiro, é bom iniciar com um ataque. Enquanto que a que iniciar depois, é bom observar bem o ataque.

Por hoje já estaria bom. Minha cabeça já estava pra explodir por não parar de pensar nessas coisas. Deixaria o resto da tática para o dia seguinte. De tal maneira, iria ocupar-me o resto do dia com outros afazeres, talvez realizar uma missão, ou só respirar um pouco de ar fresco mesmo. Enquanto que o xadrez poderia me aguardar esfriar a cabeça, acredito que estou precisando. Logo, o treino continuaria depois.

Considerações:

Já chegava o dia seguinte, e com ele, não diferente dos demais, acordava bem cedo para poder aproveitar tudo o que aquele dia poderia me oferecer. E hoje já saberia o que iria fazer, é o dia em que eu enfim terminaria grande parte dos meus estudos a respeito das táticas de estratégia no xadrez, o que facilmente pode ser convertido para elaborações em batalhas. Por isso meus olhos brilhavam logo cedo, mesmo que pudesse haver algum resquício de sono, mas hoje eu sei que saciaria uma grande vontade minha. Ontem havia deixado a parte final de meu treino para hoje, e pois bem, era isso que eu faria.

Não haveria muitas delongas no dia de hoje, eu apenas escovei meus dentes, penteei meus cabelos, tomei um café da manhã bem reforçado e troquei minha roupa. Não mais usando aquele meigo pijama de moletom cinza, com um par de pantufas cor de rosa adornadas por um par de orelhas semelhante as de uma lebre. Agora estava já vestido com minhas roupas do cotidiano, na verdade, a mesma que vesti ontem, e não queira me julgar, pois além de muito fofa é também muito confortável, e creio eu que elas não estejam sujas, ou nem perto disso.

Pois então, agora que já estaria pronta, arrumaria novamente o tabuleiro sobre a minha cama. Assim como no dia anterior, não iria sair de meu quarto, optei por ficar por ali mesmo. Não chegava a ser tão fresco e confortável quanto o ar sob a sombra da árvore, mas a brisa da maresia de uma cidade portuária adentrando pela janela já era algo de bom tamanho. Com as peças devidamente distribuídas ao longo da malha quadriculada do jogo, dei continuidade aos estudos de elaboração de táticas, dos quais eu havia interrompido no dia anterior.

Discorrendo mais sobre os assuntos datados no livro, outras dicas se sucediam. Não mover a mesma peça por mais de uma vez, a não ser que ela corra o risco de ser perdida. Quanto mais você mexer, mais possibilidades de reações seu inimigo terá, consequentemente sendo mais difícil a leitura de seus ataques. Em uma batalha, um ataque poderia ser impedido através de sua leitura, então quando mais fácil for de enxergar o que seu oponente fará, obviamente mais fácil será de montar uma estratégia contra aquela ação.

Outra coisa bastante importante é sempre ter em mente as próximas jogadas, e não é questão de um único movimento, mas sim de planejar quatro ou cinco jogadas à frente. Dessa forma conseguir atacar ou defender com mais possibilidades, pois você já estará preparado para o que está por vir. No final das contas, vencer no xadrez faz necessário sempre estar adiantado em relação ao seu oponente, visionando seus próprios movimentos, utilizando de artifícios para até mesmo confundir seus adversários. Uma única jogada consegue definir o decorrer todo de uma partida por completo. Seja fazendo uso de ataques diretos em centos locais do tabuleiro, ou ludibriando a mente de seu adversário. Sendo assim, a chave para a vitória: planejamento e antecedência.

Feito isso estava já satisfeita, por hora, dos ensinamentos a respeito de estratégias. Mais leituras poderiam tornar o assunto cada vez mais redundante. O próximo passo agora é realmente pôr em prática tudo o que passei estudante esses dias. Exercitando e adquirindo experiência através de batalhas e situações diversas em missões. Sinto-me mais confortável e confiante nas minhas ações, pois sempre terei em mente os preceitos das estratégias. O que eu quero mesmo é melhorar cada vez mais meus conhecimentos, afim de sanar problemas da guilda ao lado da mestra, minha inspiração, Kurai.

Considerações: